Um dos locais mais afetados pela enchente no sul do Estado, a praia do Laranjal, em Pelotas, está pronta para receber os veranistas na temporada de 2025. Ainda enfrentando alguns problemas em calçamento e iluminação, o balneário recebeu atenção das autoridades nos últimos meses. O trapiche revitalizado simboliza a retomada.
Localizada a 12 quilômetros da região central de Pelotas, a praia, banhada pela Lagoa dos Patos, foi fortemente castigada por enchentes em maio e junho. Não houve mortos ou feridos, mas praticamente todas as residências e estabelecimentos comerciais na orla sofreram algum dano. A elevação da lagoa prejudicou também residências em ruas paralelas à praia. As moradias, em sua maioria, foram recuperadas, e há poucas marcas ainda visíveis.
Na economia, os prejuízos ainda são sentidos, mas o verão traz a esperança de recuperar o dinheiro perdido. O empresário Leonídio Fonseca tem empreendimentos na área de gastronomia há 40 anos no Laranjal e conta que o período de maio a junho foi um dos piores que enfrentou. Foram 32 dias de restaurante fechado e um prejuízo de mais de R$ 350 mil.
— A nossa expectativa é que, com o verão, duplique o movimento e possa compensar as perdas. Foi um período muito duro, perdemos estoque, ficamos fechados por muito tempo. As coisas devem melhorar a partir de 2025 — explica o empresário, que, em dias movimentados, serve cerca de 900 refeições.
Na orla da praia do Laranjal ainda é possível observar diversos buracos no calçamento, problemas no mobiliário, como bancos e estruturas de lazer danificadas. Além disso, a falta de iluminação afasta turistas da região durante a noite. A praia fica escura, sendo iluminada apenas por poucos postes e pelos faróis dos veículos que trafegam pela área. Por outro lado, pode-se destacar a limpeza da orla e dos banheiros públicos, que estão bem conservados, com equipes dedicadas à manutenção e à limpeza do local.
Outro aspecto positivo é a ampliação dos estabelecimentos gastronômicos na região do Laranjal. Mesmo após a enchente, houve um aumento no número de restaurantes, lanchonetes, padarias e supermercados, especialmente na área dos Altos do Laranjal — região residencial onde o número de empreendimentos imobiliários tem crescido. A prefeitura não informou o número de novos empreendimentos.
Novo trapiche
Considerado um dos principais pontos turísticos de Pelotas, o trapiche instalado na praia do Laranjal já pode receber a população e os turistas. Criado em 1968, o local teve toda a sua estrutura reconstruída após a destruição provocada pelo vento forte e pela força das águas na madrugada de 13 de maio.
O projeto de reestruturação da plataforma, que possui 530 metros de extensão, foi executado por construtoras da cidade. As obras custaram cerca de R$ 650 mil, com recursos provenientes de medidas compensatórias à cidade pela Zabaleta Construtora e Incorporadora e pela Construtora ACPO.
A nova estrutura conta com madeiras mais estreitas para garantir durabilidade e evitar que as tábuas se soltem. Os corrimões foram refeitos, assim como os pontos de sustentação.
— Ficou mais bonito e parece mais forte. É muito bom ver esse símbolo de Pelotas aberto novamente. O que seria do Laranjal sem o trapiche? — comemora o morador Jeferson Sanches.
Réveillon
Pelo segundo ano consecutivo, as areias da praia do Laranjal irão receber a festa de Réveillon. Neste ano, a atração principal será o grupo carioca Fundo de Quintal. O evento contará com queima de fogos e apresentações de artistas locais. A expectativa é que a festa atraia cerca de 50 mil pessoas.
A estrutura e a organização serão semelhantes às da edição anterior, com um palco em formato de concha acústica, posicionado em frente à Lagoa dos Patos. O planejamento inclui um esquema de segurança voltado para o intenso movimento de trânsito, tanto durante a chegada dos participantes quanto no momento da celebração.
Pontal da Barra
Um dos pontos mais charmosos da praia é a região do Pontal da Barra. A colônia de pescadores ficou ilhada durante a enchente. Das 60 famílias que moram na região, a maioria foi retirada pela Defesa Civil no momento mais crítico das cheias. Na terça-feira (10), quando a equipe de Zero Hora esteve no local, foi possível ver algumas famílias retornando para casa e ajustes ainda sendo feitos.
A via atingida pela água recebeu intervenções temporárias para viabilizar o acesso ao local na temporada de 2025. A prefeitura de Pelotas e a Defesa Civil estadual definiram que será construída uma estrutura de pedras para proteger taludes e canais dos efeitos erosivos e solapamentos causados pela água ou ventos. O projeto foi protocolado e aguarda aprovação do governo federal, investimento que deve chegar a R$ 2,5 milhões.
— O projeto vai garantir que as enchentes não destruam a estrada e não prejudiquem os habitantes daquela região, que concentra tantas características de valor ambiental, econômico, turístico e social — explica a prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas.
Outro ponto que recebeu reparos temporários, mas que aguarda a realização de obras definitivas, é a Colônia de Pescadores Z3. O local, muito conhecido pela venda de peixe e camarão, recebe anualmente milhares de visitantes, atraídos tanto pelo preço do pescado quanto pela proximidade com a lagoa. A antiga ponte de madeira que dava acesso à área foi completamente destruída e, no seu lugar, foi instalada uma ponte de ferro em junho deste ano.
A estrutura provisória tem 13,7 metros de comprimento e 3,75 metros de largura. Composta por sete travessas de ferro e mais de 100 vigas de liga de alumínio, a ponte tem capacidade para suportar até 40 toneladas. A montagem foi realizada com o apoio de militares do 3º Batalhão de Engenharia de Combate do Exército de Cachoeira do Sul. A ponte provisória deverá permanecer no local até a conclusão das obras de uma nova ponte de concreto. No entanto, este projeto está em fase de licitação e a construção ainda não tem data para começar.