A imagem do centroavante Ricardinho com as mãos ao rosto e incrédulo ao sair de campo no jogo contra o Brasiliense foi impactante. Quem não sabia o que tinha acontecido até então na partida poderia suspeitar que o jovem estava inconformado por ter causado uma perda irreparável para a equipe. Na verdade, ele desperdiçou uma chance incrível para marcar, momentos antes, e pode ter ficado a impressão que foi punido pelo treinador. É necessário, porém, lembrar que ele já havia marcado uma vez e dado assistência para o outro gol do Grêmio, e assim foi definido o placar do jogo.
Não foi o primeiro gol "imperdível" que Ricardinho deixou de fazer. No Gre-Nal final do Gauchão, ele poderia ter dado a vitória para o Grêmio e, dentro da pequena área, sem goleiro, o quique da bola o traiu e o chute de canela foi para fora. Da mesma forma, há de se considerar que no clássico anterior a vitória, e consequentemente o título, passou pela cabeça do jovem centroavante. Ele tem estrela. Suas jogadas desperdiçadas estão muito bem compensadas por uma média de um gol por partida, sejam jogos comuns ou decisões.
Ricardinho precisa apenas se aprimorar naturalmente, algo absolutamente normal em um garoto de apenas 20 anos. Ele tem um talento acima do normal para se posicionar na área, seja para converter ou até para perder gols. Aliado a isso, sua capacidade de conclusão é muito boa, seja com os pés ou de cabeça. Não há motivos para desespero. Basta esforço para evitar situações constrangedoras. Assim fez Jonas, centroavante gremista que em 2009, num jogo na Colômbia contra o Boyacá Chicó, desperdiçou uma chance incrível, cuja imagem correu o mundo, causando-lhe o dissabor de ter sido chamado por um jornal espanhol de "pior atacante do mundo".
Ainda naquele ano, Jonas começou a marcar muitos gols pelo Grêmio e em 2010 se tornou artilheiro, melhor atacante do Brasileirão e foi lembrado para a Seleção Brasileira. No ano seguinte foi para o Benfica e se transformou num dos maiores goleadores do futebol português em todos os tempos. O gol absurdamente perdido na Colômbia, num jogo em que seu time venceu, simplesmente foi pulverizado por outros tantos e importantes que foram sendo marcados e só pararam quando ele encerrou a carreira. O destino está permitindo que Ricardinho não prejudique sua equipe quando comete erros quase inexplicáveis. Isto é ter estrela, como aconteceu com "Mestre Jonas".