É concebível que o quinto maior artilheiro da história de um clube seja vaiado por uma má atuação no terceiro jogo da temporada? Na ímpar relação entre Jonas e o Grêmio, sim. E esta foi a gota d'água para o atacante circundado por propostas do futebol europeu. Jonas, 26 anos, deixa o Grêmio a dois dias da estreia do time na Libertadores, após uma relação de amor, ódio, gols e banco de reservas - bem resumida pelo decisivo Grêmio x São José.
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Foto: Diego Vara
No jogo da última sexta-feira, Jonas errava todas as suas tentativas. O coro de insatisfação oriundo das sociais o atingia diretamente. Mesmo devendo, ele empatou. Enfurecido, foi ao setor de fãs que o vaiava e devolveu os xingamentos. A relação estremeceu de vez. Nem o seu golaço da virada amainou os sentimentos. Jonas se calou ao final do jogo. E resolveu comprar seus direitos para voltar a sorrir em outras terras.
Após ser apresentado em setembro de 2007, Jonas estreou no Grêmio em um Gre-Nal. Até o fim daquele ano, o atacante permaneceu como titular, encerrando a temporada com o gol que determinou o rebaixamento do Corinthians.
Foto: Mauro Vieira
Com a troca de técnico e a chegada de reforços, Jonas perdeu espaço em 2008. Foi encontrar o caminho das redes na Portuguesa, clube para o qual foi emprestado no segundo semestre. Foram nove gols no Brasileirão e a esperança de um 2009 melhor, em sua volta ao Grêmio.
Sob os cuidados de Celso Roth, Jonas começou o ano alternando entre a reserva e a titularidade. Tudo dependia do esquema. Com o 3-6-1, ele era banco; no 3-5-2, se juntava a Alex Mineiro no ataque tricolor. Aos poucos, Jonas foi retomando seu espaço no Grêmio. Suplantou Alex Mineiro e formou o ataque definitivo da Libertadores, ao lado de Maxi López. Nesta mesma competição, levou o inglório aposto de "pior atacante do mundo", pelo jornal espanhol Mundo Deportivo. Tudo porque Jonas perdeu três gols incríveis num mesmo lance, na vitória sobre o Boyacá Chicó.
Foto: Valdir Friolin
Jonas respondeu o sarcasmo da publicação da melhor maneira possível: dentro de campo, empilhando gols. Assim aconteceu no segundo semestre, quando ele disputava a artilharia do Brasileirão até se lesionar diante do Corinthians, no Pacaembu, em outubro. Mesmo alijado dos jogos, ficou a apenas três gols dos goleadores do campeonato, Diego Tardelli e Adriano. De forma prematura, um bom 2009 terminava para Jonas. Foi um aperitivo para 2010, que seria o grande ano de Jonas.
Como a trajetória de Jonas no Olímpico é marcada por contrastes e reviravoltas, 2010 começou mal para o atacante. Jonas começou no banco do time de Silas, com especulações de que o Grêmio gostaria de negociá-lo para ter Vitor, do Goiás. Bastaram 45 minutos para que qualquer dúvida sobre sua permanência fosse dirimida.
Foto: Valdir Friolin
Na estreia no Gauchão, o time descia ao vestiário perdendo por 2 a 0. Jonas entrou no segundo tempo, fez gol e mudou o panorama do jogo. Ao fim, virada por 3 a 2 sobre o Pelotas. Como de costume, Jonas reconquistava seu espaço em meio aos badalados reforços que chegavam a cada início de temporada. Em março, enfim, renovou o seu contrato com o clube.
Se uma lesão havia adiado a artilharia do Brasileirão em 2009, desta vez não houve empecilhos. Em 2010, Jonas rumou ao topo dos goleadores do campeonato e, ainda, ultrapassou o técnico Renato no ranking dos artilheiros gremistas. Na temporada, ele somou 42 gols em 65 jogos oficiais, 23 deles no Campeonato Brasileiro.
O garoto de Taiúva, um quase farmacêutico, um projeto de craque no Guarani, finalmente havia se revelado um goleador no Olímpico. Mesmo assim, Jonas, com contrato até o fim do ano, saiu deixando a sensação de que poderia fazer mais pelo Grêmio. Supreendeu, como de costume, e parou nos 78 gols.