É coro dos torcedores na maioria dos clubes o pedido para que sejam lançados jogadores oriundos das categorias de base. Realmente é empolgante ver a garotada entrando nas equipes principais com um ânimo diferente, com as ambições e a disposição aflorando nas jogadas, ainda que com afobação. Quando há uma série de jogos, então, melhor.
A questão que precisa ser muito bem entendida é que os jovens sofrem oscilações e estas precisam ser administradas pelos treinadores com o auxílio dos dirigentes. No Inter, por exemplo, o hoje zagueiro Zé Gabriel é vítima do excesso de exposição. Não se preocuparam em preservá-lo pois a mesma torcida que clama por juventude no time é cruel demais com as pratas da casa.
Zé Gabriel era volante na base colorada, um bom volante. Suas características defensivas o faziam polivalente, podendo atuar como zagueiro. A capacidade de sair jogando também era notada. Ele sempre atuou pelo lado direito. Eduardo Coudet, quando perdeu Bruno Fuchs na zaga, preferiu colocar o Zé ao invés de usar Rodrigo Moledo que já era pedido pelo torcedor que não via vantagens no jovem Fuchs. Os primeiros jogos do volante adaptado foram muito bons. Não só se mostrou bem melhor do que o antecessor, como calou os mais extremados defensores de Moledo.
Como todo o jovem, Zé Gabriel oscilou e o torcedor perdeu a paciência que praticamente não tem com os garotos. Coudet insistiu e, cada vez mais, expôs o agora zagueiro.
Não bastasse isto, Victor Cuesta ficou fora de um jogo por suspensão. A providência foi deslocar para o lado esquerdo o zagueiro que já enfrentava dificuldades no seu lado preferencial.
O treinador só fez isto porque a contratação feita para ser opção a Cuesta, Matheus Jussa, se mostrou inapto para tal pois também era volante de origem e não deu nem para o começo da missão. Esta responsabilidade é dos dirigentes.
O jovem Zé Gabriel passou a ser zagueiro inseguro nos dois lados. Contra o São Paulo foi expulso. Quando atua pela direita tem que conviver com o agravante da má fase de Cuesta que está a léguas de ser o jogador destacado dos últimos Brasileirões.
Já na esquerda, protagoniza falhas de quem é estranho ao lugar, como no gol de Tévez para o Boca Juniors na última quarta-feira (2). Está faltando respaldo ao jovem que na base chegou à Seleção Brasileira, como volante. Vai ser muito fácil ali na frente descartá-lo e buscar alguém de fora mais caro.
Preservar jogador não é simplesmente tirá-lo do time por ameaça de lesão. Muitas vezes é preciso poupá-lo de desastres pontuais retirando-o do time ou fazendo jogar como e onde sabe. O fracasso dos garotos muitas vezes redunda da incompetência de quem está fora do campo, seja treinando, dirigindo ou torcendo.