Quando se queixava de um grupo "curto", o treinador Eduardo Coudet se referia à quantidade, mas também à qualidade no elenco do Inter. Algumas contratações feitas nesta temporada tiveram nitidamente a indicação do argentino e mostraram resultados discutíveis. O caso mais nítido é o de Damián Musto. Podem ser incluídos também os atacantes Abel Hernández e Leandro Fernández, embora estes tenham sido buscas emergenciais, uma vez que houve a lesão de Paolo Guerrero logo depois do clube perder Gustavo, o Gustagol.
Nos três casos de estrangeiros já há formadas, ainda que não sejam todas convergentes. Eles podem ser discutidos pelo simples fato de terem jogado, seja com Coudet ou mesmo após a chegada de Abel Braga nos poucos jogos do novo treinador. Há, porém, duas contratações que intrigam muito pelo não aproveitamento dos atletas, ao menos do jeito que se esperava. Ambos são defensores e viram o setor passar por uma crise que envolve até uma queda de rendimento do titularíssimo Victor Cuesta sem serem lembrados. Até agora não há uma explicação correta sobre a utilidade de Lucas Ribeiro e Matheus Jussa.
Contratado junto ao Oeste de São Paulo no início de julho, Jussa chegou, segundo apresentação do próprio Inter, para jogar na zaga pelo lado esquerdo. O jogador de 24 anos seria a reposição para Cuesta. Isto nunca se confirmou. Ele, que era volante no clube de origem, foi usado algumas vezes como lateral-esquerdo, não jogou bem e está arquivado sem nunca ter aparecido na função para a qual foi trazido. O pouco que se viu deixou a imagem de alguém deficiente tecnicamente, mas nunca foi esta a versão de quem o contratou.
O caso de Lucas Ribeiro intriga mais. Trazido da Alemanha em agosto como zagueiro pela direita, não atuara atuara nesta posição no seu antigo clube, o Hoffenheim, embora defensor de origem. O jovem de 21 anos tem apenas um minuto como jogador do Inter. Ele entrou no final do jogo contra o América de Cali no Beira-Rio pela fase de grupos da Libertadores. No mais, figurava eventualmente no banco de reservas nos tempos de Coudet, sem sequer ser usado quando há um time misto em campo. O que há de errado? Seria porque não foi indicado pelo antigo treinador? Então, por qual razão foi contratado? Abel Braga, pelo menos o colocou no banco nas últimas três partidas.
Sem treinos abertos, não se pode fazer um juízo sobre qualidades ou deficiências técnicas destes jogadores. O não aproveitamento de ambos, porém, e a pequena amostragem de Matheus Jussa indicam que há alguma coisa errada, seja por preconceito de quem não os escalava ou por erro de avaliação dos que os contrataram. Neste contexto é bom lembrar que a diretoria não concordou em buscar Leonardo Sigali, zagueiro de 32 anos do Racing da Argentina, pedido por Eduardo Coudet. O resultado de tudo isto é que a defesa colorada está numa má fase, não tem reposições seguras e possui no elenco dois atletas contratados e que parecem esquecidos sequer para mostrarem que não deveriam estar no Beira-Rio.