Um gol nos acréscimos deu a vitória ao Inter em uma das partidas mais malucas da história da Libertadores. Depois de abrir 3 a 1 em um primeiro tempo luxuoso, o time de Eduardo Coudet se desligou na segunda etapa, permitiu o empate do América de Cali, mas um chute salvador de Boschilia garantiu o 4 a 3 que manteve os 100% de aproveitamento colorado em casa.
Eduardo Coudet escalou o Inter que vinha sendo especulado. Saravia e Uendel nas laterais, Zé Gabriel e Moledo na zaga, o quarteto do meio-campo com Lindoso, Nonato, Patrick e Boschilia e Abel Hernández como companhero de Thiago Galhardo. Do outro lado, o América de Cali fazia seu terceiro jogo após o retorno do futebol – antes, havia enfrentado o Junior de Barranquilla pela Super Copa da Colômbia.
Mas qualquer orientação que Juan Cruz Leal tenha dado para seus comandados foi por água abaixo antes do primeiro minuto. Mais especificamente, aos 44 segundos. O Inter inverteu a bola da direita para a esquerda. Uendel apareceu por lá, entortou o adversário e cruzou na medida para Abel Hernández, que cabeceou entre o goleiro e a trave para abrir o placar.
O gol cedo deixou os colombianos mais corajosos. Duas vezes, apareceram na frente, mas Moledo e Zé Gabriel fizeram cortes precisos para evitar as finalizações. O Inter também manteve o ímpeto. Por pouco não ampliou aos 11 minutos. Após cobrança de escanteio da direita, Lindoso apareceu sozinho na área, mas cabeceou por cima do travessão.
O América oferecia perigo em tentativas esporádicas. Em uma delas, Vergara bateu forte, mas a bola passou ao lado da trave de Lomba. O Inter respondia com a participação de Galhardo e, principalmente, Nonato, bastante ativo seja nos desarmes que na construção da jogada.
Outro que realizava boa atuação era Uendel. Aos 18 minutos, o lateral-esquerdo fez um lançamento de 40 metros para Galhardo, que dominou e ajeitou para Abel Hernández. De carrinho, o uruguaio escorou para Boschila, que bateu de primeira. Chaux defendeu parcialmente e o próprio Boschilia correu para pegar o rebote: 2 a 0.
Ainda que mantivesse o ímpeto ofensivo, não se escorando na vantagem, ainda havia perigo. Em uma falta na intermediária, Vergara bateu e Lomba defendeu. Na segunda chance que teve, ele não perdoou. Eram 28 minutos quando recebeu próximo a Zé Gabriel. O colombiano ganhou do zagueiro colorado na velocidade e bateu forte, cruzado, por baixo de Marcelo Lomba: 2 a 1 – o primeiro gol que a equipe sofreu após 568 minutos de invencibilidade na competição.
O Inter não se abalou com o susto. Quatro minutos mais tarde, Thiago Galhardo recebeu nas costas da zaga e emendou. Grande defesa de Chaux, espalmando para escanteio. Na cobrança, a bola flutuou e encobriu o goleiro. Lindoso cabeceou para o chão, a bola quicou, pegou no travessão e Abel Hernández, como centroavante, apenas escorou para a rede. O 3 a 1 da tranquilidade ainda no primeiro tempo.
A volta do intervalo colorada não foi boa. Em três minutos, o time cometeu duas faltas do lado direito da área. Na primeira, a zaga afastou. Na segunda, Torres antecipou-se à defesa e cabeceou. A bola pegou na trave e se ofereceu para Ramos cabecear para o gol vazio, 3 a 2.
Novamente com o placar apertado, o Inter voltou a atacar. Boschilia tentou duas vezes, uma de pé direito, defendida pelo goleiro, outra em cobrança de falta, por cima do travessão. Aos 14, mais um susto. Pérez arrancou pela esquerda, passou por Saravia e bateu. Lomba espalmou.
Aos 19, vendo que o time passava trabalho na defesa e pouco criava no ataque, Coudet fez duas trocas: tirou Abel Hernández e Nonato, colocou Leandro Fernández e Johnny.
O argentino quase deixou sua marca aos 24. Ele cobrou uma falta frontal por cima da barreira, com efeito, mas o goleiro voou e defendeu.
Aos 32, o improvável empate do América. O Inter tinha a bola no ataque e perdeu. Foi contragolpeado pela direita, com Vergara. Ele virou o jogo e encontrou Moreno, que aparecia sozinho pela esquerda. O atacante, que havia entrado 10 minutos antes, teve tempo para dominar e chutar, vencendo Marcelo Lomba.
D'Alessandro foi chamado para tentar fortalecer o sistema ofensivo. O camisa 10 entrou no lugar de Lindoso. O Inter ia para o tudo ou nada.
Aos 38, Thiago Galhardo serviu Leandro Fernández, que se livrou da marcação e bateu na saída do goleiro. Chaux fez grande defesa, e o rebote passou exatamente atrás de Uendel. No outro lado do campo, aos 41, o América quase virou. Johnny falhou na hora de afastar a bola, Ramos ajeitou e Carrascal bateu. Lomba salvou com o pé.
Aos 46, quando tudo parecia fadado ao empate, Boschilia tirou um gol sabe-se lá de onde. Ele recebeu pela direita, trouxe para o meio e bateu. A bola até não ia tão forte, mas um desvio no meio do caminho tirou Chaux da bola. Gol, vitória, três pontos e alívio.