O futebol voltará com portões fechados no Gauchão. Isto era sabido desde o início da pandemia, já está implantado na Europa e acontecerá em todos os lugares quando houver a retomada dos jogos. É certo, porém, que as pessoas se reunirão para acompanhar as partidas, ainda que desobedecendo orientações das autoridades sanitárias e, acima de tudo, do bom senso.
Não serão apenas aproximadamente 100 indivíduos os envolvidos com os jogos que merecerão os testes e obedecerão rígidas normas sanitárias. O futebol vai mexer com o lado de fora dos estádios, como aconteceu na rodada do Gauchão anterior à parada e que os bares lotaram pela cidade com o público acompanhando o que acontecia no campo em que ele não podia entrar.
Serão rodadas decisivas, com clássicos, mata-matas e o Caxias já tendo certa uma final em seu estádio. Tudo isto acontecerá de maneira quase secreta, com o rádio e a TV sendo a salvação da torcida. A televisão já criou o hábito de acompanhamento das partidas para quem não vai ao estádio ou, agora, fica fora dele. Não haverá a transmissão da maioria das partidas no modo aberto – o Gre-Nal, por exemplo, é apenas no sistema pago – e isto atinge boa parte da população que sequer tem canais pagos à disposição ou muito menos o sistema pay-per-view.
Onde a galera acompanhará sua paixão? Onde outros estiverem acompanhando, seja o vizinho, os amigos, os clientes do bar? Será preciso se movimentar, talvez se aglomerar.
Clubes, federações e emissoras de televisão nada têm de responsabilidade sobre isto. São posturas pessoais e decisões particulares que determinam a busca pelo espetáculo por parte dos torcedores. As autoridades, porém, são responsáveis e precisam impedir que algo que é bom como o futebol não se transforme em agente da pandemia. É por isto também que existem as bandeiras de distanciamento controlado no Rio Grande do Sul.
O esporte não está apenas no local da disputa. É uma paixão, algo difícil de controlar, especialmente em tempos de coronavírus em que se tem uma abstinência futebolística já superior a três meses. Não adianta os jogadores estarem bem numa zona de bandeira vermelha e seus fãs, pela natureza de seus sentimentos, passarem por cima de recomendações para acompanhar os ídolos. Esperemos pela bandeira amarela para a volta do futebol, seja pelos que jogam como pelos que vão aos bares e se aglomeram em busca das imagens.