A torcida por uma indicação de Ainda Estou Aqui ao Oscar 2025 de melhor filme internacional não pode perder de vista os rivais do Brasil na premiação da Academia de Hollywood, que vai divulgar os 15 semifinalistas no dia 17 de dezembro. Um mês depois, sai a lista dos cinco concorrentes. A cerimônia de entrega das estatuetas douradas está marcada para 2 de março.
Entre os cerca de 90 títulos inscritos no Oscar internacional, há pelo menos três cujas equipes já podem providenciar os trajes de gala. Segundo as apostas da imprensa dos Estados Unidos, o longa-metragem dirigido por Walter Salles e protagonizado por Fernanda Torres tem vaga garantida, assim como Emilia Pérez, que representa a França, e The Seed of the Sacred Fig, nome em inglês do candidato alemão.
Mas esses não são os únicos fortes adversários no caminho brasileiro. Confira, a seguir, uma lista com 10 filmes que podem aparecer entre os indicados ao Oscar internacional (e há outros títulos com potencial, como o norueguês Armand, de Halfdan Ullmann Tøndel, neto do cineasta Ingmar Bergman e da atriz Liv Ullmann, o canadense Universal Language, de Matthew Rankin, e o italiano Vermiglio, de Maura Delpero). Vale lembrar que, pelas regras da Academia de Hollywood, animações e documentários são elegíveis, e as produções precisam ter mais de 50% dos diálogos em idioma não inglês, mas não necessariamente no idioma do país que representam (em 2024, por exemplo, Zona de Interesse venceu pelo Reino Unido sendo falado em alemão). A ordem é puramente alfabética.
1) Dahomey (Senegal)
De Mati Diop. Documentário da diretora de Atlantique (2019) sobre a jornada de 26 tesouros reais saqueados do Reino do Daomé. Ganhou o Urso de Ouro no Festival de Berlim. Estreia na plataforma MUBI em data a ser informada.
2) Emilia Pérez (França)
De Jacques Audiard. Um dos mais renomados cineastas franceses (são dele O Profeta e Ferrugem e Osso) assina este musical sobre uma advogada em baixa (Zoe Saldana) que é contratada por um temido líder do narcotráfico mexicano (a atriz trans Karla Sofía Gascón) para forjar sua morte e ajudá-lo a ressurgir como a mulher que ele sempre sonhou ser. No Festival de Cannes, o filme recebeu o prêmio do júri e um troféu para o elenco: Saldana, Gascón, Selena Gomez e Adriana Paz. Estreia nos cinemas brasileiros prevista para 6 de fevereiro de 2025.
3) Flow (Letônia)
De Gints Zilbalodis. Esta animação sem diálogos — ou seja, sem a "barreira" das legendas para os estadunidenses — gira em torno de um gato que se junta a uma capivara, um lêmure, um pássaro e um cachorro depois que uma enchente destrói sua casa. Sem previsão de estreia no Brasil.
4) The Girl with the Needle (Dinamarca)
De Magnus von Horn. É o título em inglês de Pigen med Nålen (A Menina com a Agulha), que se passa na Copenhague de 1919, onde uma jovem trabalhadora fica desempregada e grávida. Então, ela conhece Dagmar (Trine Dyrholm, de Rainha de Copas), que dirige uma agência de adoção clandestina. O filme foi citado por 10 dos 11 críticos nas apostas do site Next Best Picture, e a Dinamarca é uma potência no Oscar, com 14 indicações (e quatro vitórias). Estreia na plataforma MUBI em data a ser informada.
5) Grand Tour (Portugal)
De Miguel Gomes. No Festival de Cannes, valeu o prêmio de melhor direção a Gomes, que é um dos principais nomes do cinema português contemporâneo (fez também Tabu e a trilogia As Mil e Uma Noites). Diz a sinopse: em 1917, Edward, funcionário público, foge da noiva, Molly, no dia do casamento em Rangoon (Burma, atual Myanmar). Suas viagens pela Ásia substituem o pânico pela melancolia. Estreia na plataforma MUBI em data a ser informada.
6) Kneecap (Irlanda)
De Rich Peppiat. Esta comédia autoficcional sobre um grupo de rap de Belfast aparece nas apostas da Variety e do site Gold Derby. Sem previsão de estreia no Brasil.
7) No Lugar da Outra (Chile)
De Maite Alberdi. É a primeira ficção da diretora chilena que, nos últimos quatro anos, foi indicada duas vezes ao Oscar, pelos documentários O Agente Duplo (2020) e A Memória Infinita (2023). Trata-se de um drama baseado na história real de María Carolina Geel, uma escritora popular que, no Chile de 1955, matou seu amante. Disponível na Netflix.
8) Meeting with Pol Pot (Camboja)
De Rithy Panh. É o nome em inglês de Rendez-vous avec Pol Pot. Na trama, três jornalistas franceses (incluindo a personagem da atriz Irène Jacob) vaiajm para o Camboja em 1978 após receber um convite do Khmer Vermelho para conhecer o ditador e genocida Pol Pot. Panh dirigiu A Imagem que Falta (2013), que concorreu ao Oscar de melhor documentário ao reconstituir as atrocidades cometidas em seu país entre 1975 e 1979. Sem previsão de estreia no Brasil.
9) The Seed of a Sacred Fig (Alemanha)
De Mohammad Rasoulof. É o nome em inglês de Daneh Anjeer Moghadas, filme do cineasta iraniano que fugiu de seu país depois de ter sido condenado a oito anos de prisão e açoitamento. Em português, significa A Semente de uma Figueira Sagrada. Segundo a sinopse, um juiz luta contra a paranoia em meio à agitação política em Teerã. Quando sua arma desaparece, ele suspeita de sua esposa e de suas filhas, impondo medidas draconianas que desgastam os laços familiares. Levou o Prêmio Especial do Júri em Cannes. Sem previsão de estreia no Brasil.
10) Sujo (México)
De Astrid Rondero e Fernanda Valadez. Quando o matador de um cartel do narcotráfico é assassinado, ele deixa para trás seu filho de quatro anos, Sujo. O filme acompanha seu crescimento sob a sombra da violência. Sem previsão de estreia no Brasil.
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