Entramos na reta final do Oscar, que vai conhecer os ganhadores da 96ª edição no próximo domingo (10). Como ainda tem uns dias pela frente, dá tempo de ver os nove indicados ao prêmio de melhor filme que estão em exibição no cinema ou no streaming. A única exceção é Os Rejeitados, que já saiu de cartaz.
Mas eu não vou obrigar ninguém a ver Maestro, que está disponível na Netflix e acho o pior dessa lista, disparado. Nesta coluna, vou falar só dos filmes que considero realmente imperdíveis.
Se você não viu ainda, tem de começar por Oppenheimer, de Christopher Nolan. A cinebiografia do pai da bomba atômica já está com a mão no Oscar, porque vem ganhando todos os prêmios: Globo de Ouro, Critics Choice, Bafta, o troféu do Sindicato dos Atores, o troféu da Associação dos Produtores... O filme pode ser alugado em Amazon Prime Video, Apple TV, Google Play e YouTube.
O segundo filme que acho imperdível só pode ser visto no cinema e tem que ser visto no cinema: é Zona de Interesse, que acompanha o cotidiano familiar do nazista que comandava o campo de Auschwitz, onde foram exterminados mais de um milhão de judeus na Segunda Guerra Mundial. Precisa ser visto nas salas de cinema porque lá se torna mais perturbador: tem um filme que a gente vê e um filme que a gente escuta. Enquanto a família nazista está dando uma festa na piscina de casa, por exemplo, ouvimos os gritos e os gemidos que vem de trás do muro. É um filme sobre a banalidade do mal, sobre como podemos nos tornar indiferentes ao sofrimento alheio.
Há outros dois filmes do Oscar internacional que recomendo muito. Um é A Sala dos Professores, da Alemanha, sobre uma professora idealista que resolve investigar uma série de furtos na escola. Um aluno dela, filho de imigrantes, é o principal suspeito. A cada passo, a protagonista afunda numa espécie de areia movediça do campo da ética. O outro é Dias Perfeitos, do Japão. Ao retratar o cotidiano do faxineiro dos banheiros públicos de Tóquio, o cineasta alemão Wim Wenders convida a descobrir a beleza e a alegria na rotina, no despojamento, nas coisas simples da vida.
De volta à principal categoria, além dos badalados Anatomia de uma Queda (nos cinemas) e Barbie (na plataforma Max), acho fundamental ver Assassinos da Lua das Flores, do mestre Martin Scorsese, disponível na Apple TV Plus; Pobres Criaturas, uma mistura de Frankenstein, socialismo e muito sexo, ainda em cartaz nos cinemas; e Vidas Passadas, um triângulo amoroso nada manipulativo nem maniqueísta, também em exibição nos cinemas.
Para fechar, indico um longa de animação, Meu Amigo Robô, do espanhol Pablo Berger, sobre um cachorro que, na Nova York dos anos 1980, compra um robô pra fazer companhia a ele. É uma história linda e sem diálogos sobre solidão, amizade e lealdade, em cartaz apenas na Sala Norberto Lubisco.