A estreia da sexta temporada de Black Mirror, disponível na Netflix desde a última quinta-feira (15), foi simultaneamente uma satisfação e uma frustração. Por um lado, matamos a saudade da série criada pelo roteirista inglês Charlie Brooker, que estava em um hiato de quatro anos. Por outro, apenas um ou dois dos cinco novos episódios podem fazer jus à fama adquirida por essa antologia de histórias autônomas.
Lançada em 2011, inicialmente na rede britânica Channel 4 (migrou para a Netflix em 2016), Black Mirror ganhou relevância ao explorar como as novas tecnologias potencializam anseios, crises, dilemas e vícios da sociedade contemporânea. Daí o espelho negro do título, referência às telas de smartphones, computadores e TVs, aparelhos que oferecem a seus usuários tanto prazer quanto desconforto. Declaramente inspirado em Além da Imaginação (The Twilight Zone, 1959-1964), série desenvolvida pelo estadunidense Rod Serling, o autor britânico de 52 anos arquitetou cenários distópicos que refletiam medos e desejos e que apontavam para onde estávamos indo.
Entre as previsões concretizadas de Black Mirror, está a de Nosedive (2016), episódio coescrito por Rashida Jones e Michael Schur no qual as interações sociais são avaliadas no estilo Uber — em 2018, o governo chinês começou a testar um sistema de "crédito social" em várias grandes cidades, punindo cidadãos que cometem infrações de etiqueta, como tocar música em trens, colar em provas, não comparecer a reservas de restaurantes ou se recusar a visitar parentes idosos. Já Striking Vipers (2019) antecipou um game adulto, o Viro Playspace, que possibilita aos usuários transar virtualmente — uma das experiências ofertadas se chama First Time Bi (Primeira Vez Bissexual), praticamente o que acontece com os personagens da trama.
A sexta temporada dá a entender que Brooker desistiu de prospectar o futuro próximo, diante dos passos galopantes dos avanços tecnológicos. Não por acaso, três das histórias são ambientadas no passado: 1969, no caso de Beyond the Sea (embora as réplicas dos astronautas ainda sejam possíveis apenas na ficção científica), 1979, como entrega o título de Demon 79, e 2006, em Mazey Day. Loch Henry se passa no presente, mas também exerce um olhar para tempos anteriores.
Ficou no passado, também, a capacidade de provocar e de surpreender. De modo geral, as reflexões propostas não são novas, e os roteiros são espantosamente previsíveis, ainda que alguns apostem no choque — é evidente a aproximação com o terror, inclusive o sobrenatural — ou no riso, raro no histórico da série. O aspecto brilhante da superfície — o elenco estelar conta com Salma Hayek, Annie Murphy (vencedora do Emmy de atriz coadjuvante pelo seriado Schitt's Creek), Josh Hartnett, Aaron Paul (três vezes premiado no Emmy de ator coadjuvante por Breaking Bad), Kate Mara, Zazie Beetz (do filme Coringa) — parece querer disfarçar a falta de profundidade das tramas. Mas mesmo uma temporada fraca de Black Mirror pode conter momentos marcantes, como mostra o ranking a seguir.
"Black Mirror", do pior ao melhor episódio
28) Metalhead (2017)
Escrito por Charlie Brooker e dirigido por David Slade. Há quem adore o único episódio de Black Mirror realizado em preto e branco, mas em nenhum momento consegui me conectar com a protagonista encarnada por Maxine Peake, que se vê como a presa em uma caçada empreendida por robôe-cachorros.
27) Bandersnatch (2018)
Escrito por Charlie Brooker e dirigido por David Slade. Não é um episódio, mas um filme interativo, que permite ao espectador decidir que atitude o personagem principal deve tomar em determinados momentos da trama, como qual música ouvir ou qual resposta dar em uma discussão. Há escolhas que são cruciais e encaminham Bandersnatch para um final diferente, ou até o antecipam abruptamente. Na história ambientada em 1984, o jovem programador Stefan Butler (Fionn Whitehead) está desenvolvendo um jogo que será lançado pela empresa Tuckersoft, onde trabalha o astro Colin Ritman (Will Poulter). Stefan trabalha em um título que tem como base as escolhas do jogador. Porém, o protagonista passa a questionar sua realidade, sentindo que suas decisões são pré-determinadas por um terceiro — ou seja, quem estiver assistindo ao filme. E nós também somos vítimas da ilusão da escolha, pois todos os destinos são pré-estabelecidos. A brincadeira é válida, mas se revela pouco empolgante ou surpreendente.
26) Mazey Day (2023)
Escrito por Charlie Brooker e dirigido por Uta Briesewitz. Em 2006 (o ano é revelado pelo anúncio do nome da filha de Tom Cruise e Katie Holmes, Suri), Zazie Beetz interpreta uma fotógrafa paparazzo que, depois de abandonar o trabalho, por entender os estragos provocados, acaba se envolvendo na perseguição a uma problemática atriz de Hollywood, a Mazey Day do título (Clara Rugaard), que desapareceu após atropelar uma pessoa na República Tcheca, onde estava gravando uma série. O retrato da perniciosidade dos paparazzi não é novidade, e a guinada que o episódio dá nos 10 minutos finais parece menos uma surpresa do que um desespero da série para tomar rumos diferentes.
25) Playtest (2016)
Escrito por Charlie Brooker e dirigido por Dan Trachtenberg. Rapaz (Wyatt Russell) aceita ser cobaia de revolucionário game de realidade aumentada. O jogo o faz encarar suas fobias e suas piores lembranças. O excesso de viradas compromete a trama.
24) Rachel, Jack and Ashley Too (2019)
Escrito por Charlie Brooker e dirigido por Anne Sewitsky. Miley Cyrus interpreta Ashley O, uma cantora pop que é idolatrada por Rachel (Angourie Rice), uma garota de 15 anos. Ao fazer aniversário, ela ganha a boneca Ashley Too, controlada por inteligência artificial e inspirada em sua artista preferida. A mistura de sátira da indústria musical com alerta sobre a inteligência artificial tem seus bons — e ora engraçados, ora assustadores — momentos, mas está longe de ser inesquecível.
23) Demon 79 (2023)
Escrito por Charlie Brooker e Bisha K. Ali e dirigido por Toby Haynes. Na Inglaterra do final de 1979 — ano da primeira eleição de Margaret Thatcher como primeira-ministra —, uma vendedora de origem asiática (a cingapuriana Anjana Vasan) recebe a visita de um demônio, que assume a forma do cantor do grupo pop Boney M (papel de Paapa Essiedu) e a convoca para matar três pessoas, única forma de evitar o apocalipse. Entrementes, acompanhamos a ascensão de um político de extrema-direita, racista e xenófobo. A trama é previsível, e alguns diálogos sobre quem merece morrer causam déjà vu. Não fossem as divertidas atuações e a sintonia de Vasan e Essiedu, os 74 minutos de duração se mostrariam ainda mais longos.
22) Smithereens (2019)
Escrito por Charlie Brooker e dirigido por James Hawes. Chris (Andrew Scott), um motorista de aplicativo, está de luto após perder a esposa em um acidente de carro. Uma tragédia que aconteceu num momento de distração dele ao celular. Com o peso da morte da mulher, ele decide sequestrar um funcionário da rede social Smithereens com o objetivo de conseguir falar com Billy Bauer (Topher Grace), chefão da empresa. Em que pese a boa atuação de Scott (indicado ao Emmy), a trama é básica demais.
21) The Waldo Moment (2013)
Escrito por Charlie Brooker e Christopher Morris e dirigido por Bryn Higgins. Um comediante fracassado (Daniel Rigby) que dá voz a um popular urso de desenho animado se vê envolvido na política quando os executivos da TV querem que o personagem, Waldo, concorra a um cargo. É um dos episódios mas chatos, mas ganha pontos por ser presciente: de certa forma, anteviu as eleições de vários candidatos populistas mundo afora, arrebatando o voto daqueles que não se viam representados pelos chamados políticos tradicionais.
20) Loch Henry (2023)
Escrito por Charlie Brooker e dirigido por Sam Miller. Davis (Samuel Blenkin) e Pia (Myha'la Herrold), um casal de jovens documentaristas, viajam para a cidadezinha natal dele, na Escócia, onde pretendem fazer um filme sobre um pitoresco colecionador de ovos. Ao visitar o pub de um amigo de infância de Davis, Pia fica encantada pela história de Ian Adair, um morador que torturou e assassinou turistas nos anos 1990, e convence o namorado a mudar o tema do projeto. Não parece o enredo de um episódio de Black Mirror, mas o de um convencional filme de terror — ainda que de fato bem realizado por Miller, codiretor da minissérie I May Destroy You (2020). E o roteiro de Brooker chega atrasado na discussão sobre o perverso fascínio despertado pelos documentários true crime, gênero que é um dos carros-chefe da própria Netflix e que vive de explorar o trauma das vítimas e de seus entes queridos.
19) Hated in the Nation (2016)
Escrito por Charlie Brooker e dirigido por James Hawes. Pessoas execradas nas redes sociais são misteriosamente eliminadas por pequenos drones em forma de abelhas. A reflexão proposta, sobre os julgamentos sumários do mundo virtual e os programas de vigilância dos governos, é ótima, mas o episódio revela-se longo em demasia (são 90 minutos).
18) Crocodile (2017)
Escrito por Charlie Brooker e dirigido por John Hillcoat. O episódio se passa na Islândia — daí o clima de noir nórdico —, onde Mia (Andrea Riseborough) ajuda seu amigo Rob (Andrew Gower) a encobrir uma morte acidental. Quinze anos depois, Rob quer confessar seu crime. Entrementes, Shazia (Kiran Sonia Sawar) é contratada para investigar um acidente de trânsito entre um veículo autômato e um pedestre. Para falar com as testemunhas, ela conta com o auxílio de um dispositivo que permite acesso direto às memórias recentes dos interrogados. Um pesadelo sobre como a mentira pode ser letal.
17) Striking Vipers (2019)
Escrito por Charlie Brooker e dirigido por Owen Harris. Com cenas gravadas em São Paulo (aparecem, por exemplo, o Viaduto Santa Ifigênia, o heliponto do edifício Copan e os edifícios Louvre e Três Marias), é estrelado por Anthony Mackie e Yahya Abdul-Mateen II. Eles interpretam Danny e Karl, amigos dos tempos de colégio que se reencontram muitos anos depois, quando o primeiro já está casado e é pai de um menino de cinco anos. Os dois começam a jogar Striking Vipers, um game de luta no qual assumem os avatares de Roxette (Pom Klementieff) e Lance (Ludi Lin). Nessa realidade virtual, aflora uma tensão sexual.
16) Beyond the Sea (2023)
Escrito por Charlie Brooker e dirigido por John Crowley. Em 1969, Josh Hartnett e Aaron Paul interpretam dois astronautas de temperamentos opostos. O primeiro, David, é ardoroso com a esposa (Auden Thornton) e curte ser idolatrado. O segundo, Cliff, é frio e calado com sua mulher, Lana (Kate Mara). Ambos, na verdade, trabalham em uma estação espacial, onde sofrem com o isolamento e a solidão: as interações com a família, na Terra, são feitas por uma réplica mecânica, uma espécie de androide, acessada por eles quando seus verdadeiros eus dormem. Uma tragédia (que alude a um célebre e chocante crime cometido em 1969) muda tudo neste episódio que, embora tenha um final passível de ser antecipado, se sustenta pelo carisma e pelo desempenho de Hartnett e Paul e pela excelência técnica — na direção de fotografia, na edição, no design de produção e na trilha sonora.
15) Men Against Fire (2016)
Escrito por Charlie Brooker e dirigido por Jakob Verbruggen. No futuro, soltados como Stripe (Malachi Kirby) e Raiman (Madeline Brewer) dispõem de implantes cerebrais que permitem participar de um genocídio sem sofrer crises de consciência nem transtorno pós-traumático: os seres humanos alvos da matança aparecem para eles como baratas gigantes a serem exterminadas. Uma crítica aos horrores da guerra, em especial às missões militares dos Estados Unidos e seu efeito na saúde mental dos combatentes.
14) Black Museum (2017)
Escrito por Charlie Brooker e Penn Jillette e dirigido por Colm McCarthy. Letitia Wright interpreta Nish, uma jovem negra que, por infortúnio, ingressa em um museu de beira de estrada onde o proprietário (Douglas Hodge) começa a contar histórias sobre os artefatos mais macabros do local — muitos deles ligados a outros episódios de Black Mirror. É uma espécie de epílogo para a série, aglutinando ideias futuristas como a do capacete capaz de transferir as sensações de quem o utiliza para uma segunda pessoa, sem que essa sofra impactos físicos, e a transferência da consciência humana para um corpo cibernético. De quebra, tem um final que ressignifica o que estávamos assistindo.
13) Arkangel (2017)
Escrito por Charlie Brooker e dirigido por Jodie Foster. Rosemarie DeWitt vive uma mãe que, após quase perder a filha pequena na multidão, adere a uma nova tecnologia que permite rastrear a criança o tempo todo. O dispositivo, contudo, transforma a relação entre as duas em um inferno — e faz deste episódio um conto nervoso sobre a superproteção dos filhos.
12) Joan Is Awful (2023)
Escrito por Charlie Brooker e dirigido por Ally Pankiw. É a comédia mais escrachada de Black Mirror. Annie Murphy intepreta uma gerente de RH de uma empresa de tecnologia que descobre que sua vida e principalmente seus deslizes éticos, morais e amorosos estão sendo reproduzidos em um seriado da Streamberry, que, no leiaute e na assinatura sonora ("tudum!"), tira sarro da própria Netflix. Na ficção, por assim dizer, seu papel é interpretado por Salma Hayek — na verdade, uma versão gerada por inteligência artificial e computação gráfica da atriz nascida no México. Joan vai fazer de tudo para interromper tamanha exposição, mas esbarra nas filigranas dos termos de uso das plataformas de streaming e das empresas de tecnologia que nunca lemos antes de assinar.
O episódio cruza nossa obsessão em registrar todos os passos da vida, nas redes sociais, com os avanços da IA e os riscos da vigilância digital (nossos equipamentos podem, neste exato momento, estar gravando "provas" contra nós mesmos) e zomba bastante não só da Netflix e do seu modo de produção enlatada, mas também de seus usuários, submissos aos algoritmos e ávidos por conteúdos que explorem momentos de fraqueza, egoísmo ou covardia, para "combinar com a visão neurótica que têm de si próprios", explica uma executiva da Streamberry. "Isso confirma os medos mais profundos deles e os colocam num estado hipnótico de horror, o que aumenta o engajamento: eles não conseguem parar de ver."
11) Shut Up and Dance (2016)
Escrito por Charlie Brooker e William Bridges e dirigido por James Watkins. Um adolescente (Alex Lawther) é chantageado por um misterioso hacker que possui um vídeo íntimo dele. Forçado a cometer atos bizarros e criminosos, o garoto se vê acompanhado por um homem de meia-idade (Jerome Flynn), também alvo de chantagem por causa de infidelidade conjugal. Cheio de reviravoltas, este thriller de suspense é amado por uns e desprezado por outros (talvez por ser um dos que menos investem na ficção científica) e traz referências a outros episódios da série.
10) White Bear (2013)
Escrito por Charlie Brooker e dirigido por Carl Tibbetts. Uma mulher (Lenora Crichlow) acorda em uma casa sem lembrar quem é. Ao sair para a rua, observa que está muita gente está gravando com os celulares a sua movimentação. Ninguém a ajuda, pelo contrário: logo surge um homem mascarado que, com uma espingarda, tenta matá-la. Enquanto acompanhamos a sua fuga, Brooker e Tibbetts discutem o culto à violência e a banalização do sofrimento e preparam uma armadilha moral para o espectador.
9) The National Anthem (2011)
Escrito por Charlie Brooker e dirigido por Otto Bathurst. No episódio de estreia da série, o primeiro-ministro britânico (Rory Kinnear) se vê frente a uma escolha impossível: ter relações sexuais com um porco — com tudo transmitido ao vivo, em rede nacional — ou deixar que a princesa do país, membro da família real muito amada pelo povo e que foi sequestrada, seja morta por um terrorista. As redes sociais e a pressão midiática, instantânea e em tempo real, fazem com que a situação rapidamente escape do controle. Aqui, a premonição foi política: em setembro de 2015, o jornal Daily Mail divulgou parte de uma biografia não-autorizada do então primeiro-ministro David Cameron que diz que o político teria posto "partes privadas de sua anatomia" na boca de um porco morto.
8) USS Callister (2017)
Escrito por Charlie Brooker e William Bridges e dirigido por Toby Haynes. Nesta paródia de Jornada nas Estrelas (Star Trek), Jesse Plemons interpreta um sujeito cansado de ser ridicularizado ou ignorado no trabalho que se torna o todo-poderoso num jogo virtual em que é o capitão de uma nave espacial. Os tripulantes que têm de obedecer às suas ordens são justamente os seus colegas do mundo real. Uma comédia sombria sobre temas como abuso de poder, ressentimento e machismo. Ganhou os Emmys de melhor filme para a TV, roteiro e som.
7) White Christmas (2014)
Escrito por Charlie Brooker e dirigido por Carl Tibbetts. Na véspera do Natal, os personagens interpretados por Jon Hamm e Rafe Spall compartilham histórias. Em uma delas, um homem recorre à ajuda de um conselheiro amoroso à distância para ser mais bem-sucedido em suas conquistas. Depois, o episódio imagina um mundo no qual temos um clone que faz as tarefas solicitadas. Por fim, mostra um dispositivo de realidade aumentada implantado no corpo que permite se comunicar remotamente e também possibilita que pessoas sejam "bloqueadas" (ou canceladas, para usar o termo mais atual), tornando-se invisíveis umas para as outras. Nesse final de cair o queixo, tudo se conecta.
6) Hang the DJ (2017)
Escrito por Charlie Brooker e dirigido por Timothy Van Patten. Um aplicativo define não só a compatibilidade, mas o rumo e a duração de cada relacionamento amoroso de seus usuários. Entre eles, estão Amy (Georgina Campbell) e Frank (Joe Cole), que tentam lutar contra esse sistema.
5) San Junipero (2016)
Escrito por Charlie Brooker e dirigido por Owen Harris. O comovente romance entre a tímida Yorkie (Mackenzie Davis) e a festeira Kelly (Gugu Mbatha-Raw) começa em 1987, na cidadezinha litorânea do título, e se desenvolve em uma realidade virtual simulada onde a consciência das pessoas pode habitar no pós-morte. Talvez seja o episódio mais feliz de toda a série. Ganhou dois Emmys: o de melhor filme para a TV e o de melhor roteiro. "Esta foi uma história sobre amor. E o amor vai vencer o ódio", disse Brooker ao receber os prêmios.
4) Fifteen Million Merits (2011)
Escrito por Charlie Brooker e Konnie Huq e dirigido por Euros Lyn. Daniel Kaluuya e Jessica Brown Findlay passam os dias pedalando em bicicletas ergométricas, fechados em salas minúsculas em que as paredes são cobertas por telas, lutando para alcançar uma pontuação que lhes garanta programas de televisão melhores, comida artificial ou — o ápice — a chance de participar de um reality show.
3) Nosedive (2016)
Escrito por Charlie Brooker, Michael Schur e Rashida Jones e dirigido por Joe Wright. A atriz Bryce Dallas Howard vive em uma sociedade onde as pessoas avaliam e são avaliadas o tempo todo por suas postagens e atitudes. As melhores notas dão direito a benefícios — é como se a quantidade de likes determinasse o status de cada um. A vida real travestida de ficção científica.
2) The Entire Story of You (2011)
Escrito por Charlie Brooker e Jesse Armstrong e dirigido por Brian Welsh. As pessoas implantaram um chip atrás da orelha, que lhes permite gravar tudo o que veem e ouvem — uma tecnologia que futuramente poderá estar disponível: a Samsung já registrou a patente de uma lente de contato que filma e fotografa. Usando um controle remoto, os usuários podem reproduzir suas memórias diretamente nos olhos ou em um monitor de vídeo. Em um jantar, Liam (personagem de Toby Kebbell) desconfia do comportamento de sua esposa (Jodie Whittaker) em relação a um homem chamado Jonas e decide esclarecer a situação.
1) Be Right Back (2013)
Escrito por Charlie Brooker e dirigido por Owen Harris. A personagem de Hayley Atwell, em luto após o namorado (Domhnall Gleeson) morrer em um acidente de trânsito, passa a conviver com uma réplica dele, criada graças aos rastros digitais deixados em redes sociais e outros recursos audiovisuais. Ao mesmo tempo em que traça um retrato tão humano quanto perturbador de como lidamos com a finitude e a saudade, o episódio balanceia os aspectos otimistas e os pessimistas do futuro próximo. Um clássico.