A Temperatura Máxima da RBS TV exibe neste domingo (2), às 12h30min, Os Incríveis 2, filme de animação que é o campeão de bilheteria da Pixar: com US$ 1,24 bilhão arrecadados, ocupa a 18ª posição no ranking geral e é o terceiro desenho animado que mais faturou (perde apenas para Frozen II, com US$ 1,45 bilhão, e Frozen, com US$ 1,28 bilhão).
A Pixar, você sabe, é uma subsidiária da Disney que faz alguns dos melhores títulos do gênero — soma 23 conquistas no Oscar. O estúdio nasceu em 1979 como parte da Divisão de Computadores da Lucasfilm. Mas foi em 1986, após ser comprado por Steve Jobs (1955-2011), cofundador da Apple, que oficialmente o grupo virou uma empresa independente de animação digital. Data daquele ano o primeiro curta-metragem, Luxo Jr., de John Lasseter, que apresenta a história do abajur que se tornou marca registrada. A estreia em longas aconteceu com o clássico instantâneo Toy Story, em 1995, também dirigido por Lasseter.
Lançado em 2018, Os Incríveis 2 pode ser enquadrado na tendência da Pixar de ampliar a diversidade em suas produções — tanto nas tramas quanto nos bastidores. Viva: A Vida É uma Festa (2017), por exemplo, celebrou a cultura e as tradições do México. O oscarizado curta Bao (2018) foi escrito e dirigido pela chinesa Domee Shi e aborda hábitos familiares e a culinária de seu país. Soul (2020) trouxe o primeiro protagonista negro (embora caiba dizer que ele passa bastante tempo como uma alminha azul). O recente Luca (2021) se passa na Itália e traz a assinatura de um italiano.
No caso de Os Incríveis 2, dá para dizer que o estúdio surfou na onda do protagonismo feminino em filmes de ação e aventura. O desenho é parente da franquia Jogos Vorazes (2012-2015) e de títulos como Mad Max: Estrada da Fúria (2015), Mulher-Maravilha (2017), Tomb Raider: A Origem (2018), Capitã Marvel (2019), Arlequina: Aves de Rapina (2020) e Viúva Negra (2021).
A família do filme dirigido por Brad Bird é formada (com os nomes em português) pelo pai, Beto, o fortão Sr. Incrível; a mãe, Helena, a Mulher-Elástica; a adolescente Violeta, que tem o poder de ficar invisível e criar campos de força; o guri Flecha, superveloz, e o bebê Zezé, que ainda está aprendendo a lidar com seus superpoderes. Como existem leis restritivas à ação de super-heróis no combate ao crime, a família está às voltas com crises domésticas decorrentes do orçamento apertado e dos dilemas típicos da adolescência encarados por Violeta.
Entra em cena um milionário, Winston, com o plano de usar os Incríveis em uma nebulosa ação de marketing. Mas é Helena a escolhida para ser o rosto da campanha. Assim, cabe ao Sr. Incrível encarar a missão de cuidar da casa — que, perceberá ele, traz emoções e perigos à altura de um super-herói.
Nos bastidores, a produtora Nicole Grindle e o diretor Brad Bird comentaram sobre esse reflexo de movimentos feministas.
— As mulheres que trabalham lá (na Pixar) sentem que podem levantar a mão e fazer sugestões. Antigamente, não era assim — disse Nicole, que começou a carreira na equipe técnica de Vida de Inseto, em 1998.
— A Mulher-Elástica já era forte no original. Não mudamos a trama para tirar proveito de uma situação — afirmou Bird, que também escreveu e dirigiu Os Incríveis (2004), vencedor do Oscar de melhor longa de animação.
Aliás, derrotado por outro desenho de super-heróis (Homem-Aranha no Aranhaverso), por pouco Os Incríveis 2 não se tornou a segunda continuação a também ganhar o Oscar — a primeira e única até agora é O Poderoso Chefão: Parte II (1974). Outras três sequências já foram premiadas — O Retorno do Rei, que fechou a trilogia O Senhor dos Anéis (2001-2003), e duas animações da Pixar, Toy Story 3 (2010) e Toy Story 4 (2019) —, mas nesses casos o filme original não tinha recebido o troféu da Academia de Hollywood.