Que mês para ser criança em Porto Alegre. Ou jovem. Ou adulto. Ora, ou idoso também. Entre os dias 30 de junho e 31 de julho, o Cine Farol Santander realiza a Mostra Pixar. De graça e em versões dubladas, serão exibidos 18 filmes do estúdio de animação, desde o primeiro, Toy Story (1995), até Toy Story 4 (2019).
Dos 26 longas-metragens já lançados pela Pixar, que hoje pertence à Disney, ficaram de fora somente os cinco mais recentes — Dois Irmãos (2020), Soul (2020), Luca (2021), Red: Crescer É uma Fera (2022) e Lightyear (2022, em cartaz nos cinemas) — e três títulos que, de fato, estão abaixo do padrão de qualidade estabelecido: Carros 2 (2011), O Bom Dinossauro (2015) e Carros 3 (2017). (Universidade Monstros também poderia bailar, mas ok!)
Sempre nas sessões das 15h e das 17h30min, o Cine Farol Santander vai projetar alguns dos melhores filmes de animação produzidos não apenas nos últimos 27 anos, mas na história do cinema. Somando todas as obras, a Pixar já conquistou 23 Oscar (18 em longas e cinco em curtas) e arrecadou cerca de US$ 15 bilhões nas bilheterias. A maioria das atrações dispensa apresentações, mas é sempre um prazer falar das misturas de aventura, comédia e drama do estúdio — que se especializou em empregar personagens e cenários coloridos para tratar de temas cinzentos, como a morte, o luto, o esquecimento e a obsolescência.
A tetralogia Toy Story tem início com o aniversário do menino Andy, o que desperta o nervosismo em seus brinquedos, todos temendo serem substituídos no coração do guri. Estabelece-se, então, o conflito entre o antiquado Woody, um mero caubói de pano, e o moderno Buzz Lightyear, um astronauta repleto de botões e funções.
Monstros S.A. (2001) aborda o maior de todos os medos infantis. Os personagens Sulley (grande, com chifres e pelo azul) e Mike (uma espécie de bola verde com um olho apenas) têm a missão de assustar as crianças para gerar energia em seu mundo. A graça é que, ao conhecerem a menininha Boo, eles descobrem que fazer rir é muito mais vantajoso.
Em Procurando Nemo (2003), um peixe-palhaço, Marlin, encara um enorme desafio e se lança nos oceanos em busca do filho, que, ao se aventurar para longe do pai superprotetor (por conta de um trauma), acaba capturado por um dentista mergulhador.
Os Incríveis (2004) conta a história de uma família de super-heróis, que, em sua segunda aventura, em 2018, garantiu à Pixar a terceira maior bilheteria entre desenhos animados. Com US$ 1,24 bilhão, só perde para Frozen II, com US$ 1,45 bilhão, e Frozen, com US$ 1,28 bilhão.
Em Carros (2006), o famoso carro de corridas Relâmpago McQueen se perde e vai parar em uma cidadezinha na Rota 66, onde conhece novos amigos e aprende lições que mudam sua forma de encarar a vida. Homenageado no recente Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo (2022), Ratatouille (2007) acompanha a jornada de um rato, Remy, que sonha em se tornar um chef de restaurante em Paris.
Uma das animações mais políticas da Pixar, Wall-E (2008) é também uma das mais românticas. No filme, a Terra de 2805 já foi abandonada pelos humanos, que deixaram para trás apenas um planeta imerso em lixo. O personagem do título é um pequeno robô, que vive solitário em sua missão de limpar o que ficou. Aí, uma nave traz a avançada robô EVA, que veio procurar sinais de vegetação e vira objeto da afeição de Wall-E.
A sequência de abertura de Up: Altas Aventuras (2009) é uma peça antológica sobre companheirismo e finitude. A partir daí, o quase octogenário Carl precisa elaborar seu luto e aprender um novo jeito de viver, descobrindo que é, sim, possível voltar a amar — não substituir — e a sonhar.
Valente (2012) trouxe a primeira protagonista feminina do estúdio. Por meio de Merida, dedica-se, nas palavras da psicanalista Diana Corso, "a inverter vários papéis das princesas dos contos de fadas tradicionais".
DivertidaMente (2015) é uma das mais geniais criações da Pixar. Talvez o único senão seja quanto ao título brasileiro (o original é Inside Out). Trocadilhos são bem-vindos, mas este promete um filme mais humorístico e descompromissado do que realmente é a trama sobre uma menina de 11 anos, Riley, abalada pela mudança da família (ela e os pais) do frio Estado de Minnesota para a ensolarada Califórnia. Dentro de sua cabeça, veremos o embate entre seus diferentes estados de espírito: Alegria, Tristeza, Medo, Raiva e Nojinho. A Alegria tenta manter as rédeas, só que a distância das amigas e de passatempos como o hóquei no gelo falam alto, permitindo que o Medo e a Tristeza se sobreponham.
Viva: A Vida É uma Festa (2017) é baseado na tradição mexicana do Dia dos Mortos. O protagonista é Miguel Rivera, um menino de 12 anos que acidentalmente atravessa o portal para o mundo dos mortos. No além, Miguel busca a ajuda de um músico, Héctor, para voltar ao terreno dos vivos.
No fundo, Viva é mais um capítulo na longa história que a Pixar vem contando desde Toy Story. O estúdio de animação vive fazendo seus personagens — e o público — embarcar em montanhas-russas para reatar laços afetivos. Isso acontece nos mais diferentes cenários: o mundo dos brinquedos, o fundo do mar, a Escócia medieval, o subconsciente... Urdidos em uma feliz combinação de tecnologia e coração, seus filmes buscam construir pontes entre o passado, o presente e o futuro — a história de uma família, o convívio e as lembranças que ficarão de herança. Lembranças como a de uma sessão de cinema em uma tarde qualquer de julho. Ou várias tardes, porque, repetindo, é tudo de graça.
Programação
30/6 a 2/7
15h: Toy Story
17h30: Vida de Inseto
3/7 a 6/7 (sem sessões na segunda, dia 4)
15h: Toy Story 2
17h30: Monstros S.A.
7/7 a 9/7
15h: Procurando Nemo
17h30: Os Incríveis
10/7 a 13/7 (sem sessões na segunda, dia 11)
15h: Carros
17h30: Ratatouille
14/7 a 16/7
15h: Wall-E
17h30: Up: Altas Aventuras
17/7 a 20/7 (sem sessões na segunda, dia 18)
15h: Toy Story 3
17h30: Valente
21/7 a 23/7
15h: DivertidaMente
17h30: Universidade Monstros
24/7 a 27/7 (sem sessões na segunda, dia 25)
15h: Procurando Dory
17h30: Viva: A Vida É uma Festa
28/7 a 31/7
15h: Os Incríveis 2
17h30: Toy Story 4