Os 110 prêmios conquistados por Viva – A Vida É uma Festa (2017) não são suficientes para dimensionar o encanto do filme que a RBS TV exibe na Tela Quente desta segunda-feira (7), às 22h45min. Inédito na TV aberta e vencedor dos Oscar de melhor animação e melhor canção (Remember Me, rebatizada no Brasil como Lembre de Mim), o 19º longa-metragem da Pixar tem o poder de se comunicar com todas as gerações – dos netinhos aos avós. Portanto, a dica é prolongar este feriado do Dia da Independência. Acomodem-se com as crianças na frente da televisão e deixem que elas durmam mais tarde.
Se você não conhece o desenho animado que se tornou a sétima maior bilheteria mundial entre os 22 já produzidos pela Pixar, com US$ 800 milhões arrecadados, aqui vai um pequeno resumo. Assinado por Lee Unkrich (codiretor de Toy Story 2, Monstros S.A. e Procurando Nemo e realizador de Toy Story 3) e Adrian Molina, Viva é baseado na tradição mexicana do Dia dos Mortos. O protagonista é Miguel Rivera, um menino de 12 anos que acidentalmente atravessa o portal para o mundo dos mortos. No além, Miguel busca a ajuda de um músico, Héctor, para voltar ao terreno dos vivos.
Parece a sinopse de um genérico thriller sobrenatural, mas Viva tem muito mais camadas. Para começar, é uma produção dos Estados Unidos que celebra a cultura do México – e foi lançada nos cinemas no primeiro ano da presidência de Donald Trump, ferrenho defensor da construção de um muro entre os dois países.
A trama tem como um dos elementos centrais a música – por extensão, a cultura, tão vilipendiada ultimamente. E, em tempos de saudade e de perdas familiares provocadas pela pandemia, o filme faz um apelo e uma ode à memória ("Lembre de mim / Hoje eu tenho que partir / Lembre de mim / Se esforce pra sorrir / Não importa a distância / Nunca vou te esquecer / Cantando a nossa música / O amor só vai crescer", dizem os versos da versão em português da canção oscarizada).
No fundo, Viva é mais um capítulo na longa história que a Pixar vem contando desde sua estreia, em Toy Story (1995). O estúdio de animação que hoje pertence à Disney tornou-se especialista em fazer seus personagens – e o público – embarcarem em montanhas-russas para reatar laços afetivos. Isso acontece nos mais diferentes cenários: o mundo dos brinquedos (a tetralogia Toy Story), o fundo do mar (Procurando Nemo), a Escócia medieval (Valente), o subconsciente (Divertida Mente), uma cidade povoada por elfos, unicórnios, centauros, sereias e fadinhas (Dois Irmãos)... Urdidos em uma feliz combinação de tecnologia e coração, seus filmes buscam construir pontes entre o passado, o presente e o futuro – a história de uma família, o convívio e as lembranças que ficarão de herança. Lembranças como a de uma sessão caseira de cinema em uma noite de segunda-feira.