O cartel de preciosidades da Pixar está recheado de histórias e personagens imaginativos - robôs sensíveis, ratos cozinheiros, carros e insetos falantes. Em Divertida Mente, seu 15º longa desde a estreia com o revolucionário Toy Story (1995), a gigante das animações se superou. A prova você pode tirar nesta quinta-feira, quando o filme estreia no circuito de cinemas, em cópias dubladas e legendadas, convencionais e em 3D.
A equipe do diretor Pete Docter (de Up!) entrou na mente de uma criança para recriar o embate entre seus diferentes estados de espírito. Alegria, Tristeza, Medo, Raiva e Nojinho são os personagens da trama que se passa, em grande parte, dentro da cabeça de Riley, uma garota de 11 anos feliz diante das descobertas da vida, mas que se abala ao mudar de cidade com os pais - do frio Estado de Minnesota para a ensolarada Califórnia.
A Alegria tenta manter as rédeas, só que a distância das amigas e de passatempos como o hóquei no gelo falam alto, o que faz com que o Medo e a Tristeza se sobreponham. Parece estranho, mas não demora para o espectador entrar na onda e admirar aquele universo particular, com seus escaninhos de armazenamento das memórias e estúdios nos quais se encenam os sonhos - sim, quando Riley dorme é hora da sessão de cinema, que pode ser com um filme cômico ou, em noites de pesadelo, de terror.
É a mudança que justifica a insegurança da garota, mas na sua cabeça tudo tem explicação detalhada: ela fica abalada porque Alegria e Tristeza são acidentalmente expelidas da "sala de controle" e as demais emoções não conseguem gerenciar seus passos. Em sua visita a recônditos obscuros da mente, as duas conhecem até o amigo imaginário de Riley, agora jogado no limbo. A forma com que o roteiro de Docter, Meg LeFauve e Josh Cooley desmistifica as sensações ruins e o descarte de algo que já foi útil, mas que precisa ser superado, é revelador de que estamos diante de algo especial. Um filmaço, tanto aos olhos das crianças quanto dos adultos.
Este, aliás, é um de seus maiores méritos: a simbologia das cores e as associações simples fazem Divertida Mente funcionar muito bem para os pequenos - talvez mais do que qualquer outro filme da Pixar. Sem que os fãs crescidos tenham alguma perda.
Um plus: o curta exibido antes do longa, algo tradicional nos lançamentos da produtora, é um musical sobre um vulcão solitário, chama-se Lava e, ainda que não tenha a inspiração do que virá depois, tem o seu encanto.
Divertida Mente
(Inside Out)
De Pete Docter
Animação, EUA, 2015, 94 minutos, livre.
Estreia nesta quinta-feira nos cinemas.
Cotação: ótimo.