Enquanto Mulher-Maravilha 1984 não vem (a última data de lançamento anunciada foi 25 de dezembro), o jeito é ver ou rever Mulher-Maravilha (2017). Cartaz da Tela Quente desta segunda-feira (5), às 22h45min, na RBS TV, o filme não é o primeiro de super-herói com protagonismo feminino, mas ainda assim é um marco histórico por estabelecer alguns "primeiros" no gênero cinematográfico.
Antes de a personagem interpretada pela atriz israelense Gal Gadot estrelar sua aventura solo, houve títulos como Supergirl (1984), Mulher-Gato (2004) e Elektra (2005). Pelo quesito heroínas surgidas nos quadrinhos, dá para incluir na lista Tank Girl (1995). Mas Mulher-Maravilha foi o primeiro filme de super-heroína a conquistar sucesso, tanto de público quanto de crítica, ao contrário de seus antecessores – Mulher-Gato chegou a "ganhar" quatro Razzies, as Framboesas de Ouro, o prêmio de galhofa criado por um publicitário de Hollywood e entregue na véspera do Oscar, anualmente, aos desastres do cinema americano: pior filme, diretor (Pitof), atriz (Halle Berry) e roteiro.
Somados, esses quatro longas citados arrecadaram US$ 157,2 milhões. Mulher-Maravilha, sozinha, fez cinco vezes mais: US$ 821,8 milhões. No ranking geral do cinema de super-herói, é o 21º colocado. Entre os de super-heroínas (ou anti-heroínas), perde apenas para Capitã Marvel (2019), com US$ 1,1 bilhão.
Junto aos críticos, contudo, Mulher-Maravilha tem uma aprovação mais alta do que Capitã Marvel: 93% das resenhas computadas pelo site Rotten Tomatoes são favoráveis, contra 79% da personagem da Marvel.
A segunda marca histórica enfatiza como o universo dos super-heróis é predominantemente (e, às vezes, predatoriamente) masculino. Depois de mais de 60 longas-metragens sobre personagens da DC Comics ou da Marvel, em uma contagem iniciada por Superman (1978), Mulher-Maravilha foi o primeiro dirigido por uma mulher: Patty Jenkins, realizadora de Monster (2003), que valeu o Oscar de melhor atriz para Charlize Theron. Patty, que também assina Mulher-Maravilha 1984, abriu caminho para Anna Boden, codiretora de Capitã Marvel, e Cathy Yan, autora de Arlequina: Aves de Rapina – que, por sua vez, é o primeiro filme com uma equipe formada apenas por mulheres, depois de seis times majoritariamente masculinos (Vingadores, Liga da Justiça, X-Men, Esquadrão Suicida, Guardiões da Galáxia e Quarteto Fantástico). E em 2021 teremos Cate Shortland, de Viúva Negra, e Chloé Zhao, de Os Eternos.
Falando em eternos, o filme que a Tela Quente exibe nesta segunda começa na ensolarada ilha de Themyscira (também conhecida pelos fãs mais antigos como Ilha Paraíso), lar das imortais amazonas gregas. Patty Jenkins apresenta uma bonita solução visual para narrar a história dos deuses gregos e sua relação com a humanidade. Lá, vamos conhecer a infância idílica da princesa Diana, que logo demonstra seu pendor para a arte de guerrear – para desgosto da rainha Hipólita (Connie Nielsen), a filha será uma discípula às escondidas da tia Antíope (Robin Wright).
Quando Diana cresce e toma o corpo de Gal Gadot – uma presença magnética que empresta leveza e dignidade à personagem –, Themyscira vira um campo de batalha por conta da invasão de soldados alemães. As cenas de combate apresentam ângulos inusitados e muita câmera lenta. Depois, o conflito aumenta de proporção: já na companhia do tenente americano Steve Trevor (Chris Pine), a heroína vai parar no front da Primeira Guerra Mundial.