Depois de exibir de graça tesouros da Pixar, o "vira o disco": neste mês de setembro, vai apresentar a mostra O Horror dos Anos 1980, sempre com entrada franca. Entre os 16 filmes (veja a programação completa mais abaixo), está o clássico O Iluminado (1980), versão do diretor Stanley Kubrick para um romance do escritor Stephen King. Serão apenas três sessões, todas às 17h30min: domingo (4), terça (6) e no feriado de quarta-feira (7).
O Iluminado (The Shining) é um dos marcos da história do cinema a ser visto e revisto. E é também um dos mais notórios casos no debate sobre adaptações de obras literárias.
Basicamente, King (75 anos no próximo dia 21) reclama da falta de fidelidade por parte de Kubrick (1928-1999), especialmente em relação ao protagonista. No livro, o aspirante a escritor Jack Torrance é um bom pai que, aos poucos, vai sucumbindo ao alcoolismo e ao isolamento no Overlook, um hotel assombrado nas montanhas do Colorado, nos EUA, onde ele vai trabalhar como zelador durante os cinco meses em que o lugar fica fechado por causa da neve. No filme, a bebida mal aparece, e desde os primeiros minutos o personagem interpretado por Jack Nicholson é detestável. Mas um detestável adorável, né? Somos capazes de decorar e repetir todas as suas falas e seus trejeitos enquanto começa a surtar e a ameaçar sua esposa e seu filho pequeno e sensitivo (daí o "iluminado" do título) — Wendy (Shelley Duvall, excelente no papel) e Danny (Danny Lloyd, em seu único trabalho de ator).
Conhecido por seu rigoroso perfeccionismo, o cineasta de 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968) e Laranja Mecânica (1971) imprimiu em O Iluminado um clima de progressiva tensão psicológica que vai embaralhando realidade e alucinação. A tela grande permite também apreciar elementos com os quais o diretor tinha um esmero de artesão, da cenografia à precisão dos movimentos de câmera, da trilha sonora às expressões dos atores, submetidos a repetições de tomadas por vezes excruciantes até obterem a aprovação de Kubrick.
Com o tempo, a mitologia dos fãs em torno de O Iluminado ganhou dedicação religiosa (ao mesmo passo em que o filme era reverenciado, copiado ou parodiado). Tanto que rendeu o curioso documentário O Labirinto de Kubrick (Room 237, 2012), no qual o diretor Rodney Ascher compila as mais intrigantes e malucas teorias que procuram no clássico significados diversos e mensagens subliminares. Ascher coloca o filme em perspectiva com a obra de Kubrick, exibe bastidores das filmagens, destaca as brilhantes inovações técnicas e segue as "pistas" que o mestre teria deixado sobre temas tão distintos como o genocídio dos indígenas nos EUA e "farsa" da chegada do homem à Lua, em 1969.
Crítico de primeira hora da versão de seu livro — publicado originalmente em 1977 —, Stephen King escreveu em 2013 uma continuação, Doutor Sono. O romance também foi levado ao cinema, desta vez com aprovação do mestre do suspense. Sob direção de Mike Flanagan (das minisséries A Maldição da Residência Hill e Missa da Meia-Noite), Doutor Sono (2019) começa mais ou menos de onde O Iluminado parou. Logo depois, Ewan McGregor encarna um Danny adulto, lidando com os traumas dos eventos ocorridos no Overlook e encarando novos perigos.
Fica a dica: veja O Iluminado no Cine Farol Santander e depois assista a Doutor Sono no Telecine ou pagando R$ 7,90 em Amazon Prime Video, Google Play ou YouTube.
Programação da mostra O Horror dos Anos 1980
O Cine Farol Santander fica na Rua Sete de Setembro, 1.028, no Centro de Porto Alegre, e tem capacidade para 85 espectadores. Todas as sessões são gratuitas
3/9
15h: A Troca
17h30: Sexta-feira 13
4/9, 6/9 e 7/9
15h: Uma Noite Alucinante
17h30: O Iluminado
8/9, 9/9 e 10/9
15h: Um Lobisomem Americano em Londres
17h30: O Enigma do Mal
11/9, 13/9 e 14/9
15h: O Enigma de Outro Mundo
17h30: Poltergeist — O Fenômeno
15/9, 16/9 e 17/9
15h: Fome de Viver
17h30: A Hora do Pesadelo
18/9 e 20/9
15h: A Volta dos Mortos-Vivos
17h30: A Mosca
22/9, 23/9 e 24/9
15h: O Predador
17h30: A Bolha Assassina
25/9, 27/9 e 28/9
15h: Brinquedo Assassino
17h30: Cemitério Maldito