Se você está planejando ir ao cinema ou querendo encontrar um filme bom no streaming, aqui estão 10 dicas de títulos lançados recentemente (de 30 de junho em diante, para ser preciso).
Vale avisar que não necessariamente são obras novas. Algumas acabaram de ser adicionadas ao catálogo de uma plataforma, por exemplo. Ou vão estrear nos próximos dias.
Também recomendo prestar atenção aos horários no caso das atrações em cartaz nas salas de cinema. Clique nos links se quiser saber mais. E se você não faz questão de que os filmes sejam novos, que tal conferir a relação com os 100 melhores na Netflix?
Vício Frenético (2009)
Cineasta laureado por ficções como Aguirre: A Cólera dos Deuses (1972) e Fitzcarraldo (1982) e documentários como O Homem Urso (2005) e A Caverna dos Sonhos Esquecidos (2010), Werner Herzog não gosta que chamem de remake a sua releitura para Vício Frenético, o filme de 1992 de Abel Ferrara com Harvey Keitel no papel principal. De fato, a nova versão lembra pouco a original, e nela o grande diretor alemão tentou imprimir sua marca autoral, mais reconhecida na performance inflamada de Nicolas Cage, que parece emular Klaus Kinski, o colérico ator-fetiche de Herzog. A ação foi transposta de Nova York para a New Orleans recém-arrasada pelo furacão Katrina. Cage vive um tira viciado em drogas que investiga uma chacina, combinação que o leva a literalmente viajar pelo submundo. (MUBI)
DivertidaMente (2015)
Dirigida por Pete Docter e ganhadora do Oscar, do Bafta e do Globo de Ouro de melhor animação, é uma das mais geniais criações da Pixar, estúdio que neste mês de julho está sendo celebrado em uma mostra gratuita no Cine Farol Santander, em Porto Alegre. Talvez o único senão seja quanto ao título brasileiro (o original é Inside Out). Trocadilhos são bem-vindos, mas este promete um filme mais humorístico e descompromissado do que realmente é a trama sobre uma menina de 11 anos, Riley, abalada pela mudança da família (ela e os pais) do frio Estado de Minnesota para a ensolarada Califórnia. Dentro de sua cabeça, veremos o embate entre seus diferentes estados de espírito: Alegria, Tristeza, Medo, Raiva e Nojinho. A Alegria tenta manter as rédeas, só que a distância das amigas e de passatempos como o hóquei no gelo falam alto, permitindo que o Medo e a Tristeza se sobreponham. (Sessões no Cine Farol Santander, nos dias 21/7, 22/7 e 23/7, às 15h, com entrada franca)
Tully (2018)
Premiada com o Oscar de melhor atriz por Monster: Desejo Assassino (2003) e indicada por Terra Fria (2005) e O Escândalo (2019), Charlize Theron foi injustamente ignorada pela Academia de Hollywood nesta comédia dramática — pelo menos concorreu ao Globo de Ouro. Trata-se da terceira parceria entre o diretor Jason Reitman e a roteirista Diablo Cody, depois de Juno (2007) e Jovens Adultos (2011), que também era estrelado pela sul-africana. Em Tully, ela interpreta uma mãe de três filhos e um recém-nascido que de repente ganha a companhia noturna de uma babá (Mackenzie Davis). À nova confidente, a protagonista fala abertamente sobre sentimentos conflitantes da maternidade. (HBO Max)
Homem-Aranha: Sem Volta para Casa (2021)
O diretor Jon Watts compensa a falta de tato para a ação e o olhar negligente para furos do roteiro com um ouvido aguçado para as angústias e os anseios de um adolescente como Peter Parker (papel do carismático Tom Holland), virtude que ele já vinha exibindo desde o início da trilogia. Em Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, nosso herói finalmente entende o princípio clássico do personagem criado em 1962: com grandes poderes vêm grandes responsabilidades. Como um deleite para os fãs, Watts traz de volta as encarnações anteriores do Aracnídeo — Tobey Maguire e Andrew Garfield —, acrescentando muito humor e muita emoção e retratando, talvez como nenhum outro filme de super-herói tenha feito, a noção de legado, tão cara à Marvel. (Estreia na HBO Max no dia 22/7)
Agente Oculto (2022)
Com estreia marcada para sexta-feira (22), este eu ainda não vi, mas entra na lista pela expectativa. Afinal, reúne um elenco de estrelas: Ryan Gosling, Chris Evans, Ana de Armas, Billy Bob Thornton, Regé-Jean Page (ex-Bridgerton), Jessica Henwick (a Colleen Wing das séries Marvel na Netflix) e o brasileiro Wagner Moura. E é uma nova chance de os irmãos Anthony Russo e Joe Russo mostrarem talento fora do universo dos super-heróis, depois do malfadado Cherry: Inocência Perdida (2021). A sinopse de The Gray Man (título original) diz o seguinte: o agente mais habilidoso da CIA descobre os segredos obscuros da agência e vira alvo de um ex-colega, que recruta assassinos internacionais para caçá-lo. (Netflix, a partir do dia 22/7)
Crimes of the Future (2022)
Marca a volta do diretor que adora violentar corpos e provocar mentes: David Cronenberg, 79 anos. Em seu primeiro longa-metragem desde Mapa para as Estrelas (2014), o canadense faz um filme aparentado de Crash: Estranhos Prazeres (1996). O roteiro foi escrito na mesma época, e novamente o canadense mistura sexo e máquinas, faz do corpo um cenário para o terror, aborda a conexão entre prazer e dor e pergunta: qual é o limite? Qual é o nosso limite? Para além do talento em engendrar cenas de revirar estômagos — tanto dos personagens quanto dos espectadores —, Cronenberg também estimula reflexões sobre transumanismo, a obsessão pela beleza e pela aceitação social e preocupações de ordem econômica e ecológica. No elenco, Viggo Mortensen, Léa Seydoux e Kristen Stewart. (Em cartaz no Espaço Bourbon Country; estreia no MUBI no dia 29 de julho)
Elvis (2022)
A cinebiografia dirigida por Baz Luhrmann, o mesmo de Romeu+Julieta (1996) e Moulin Rouge! (2001), e narrada pelo pernicioso coronel Parker (Tom Hanks), empresário de Elvis Presley (encarnado pelo até então ilustre desconhecido Austin Butler) é um frenesi, um filme para ser visto em pé, um convite à dança. Sua forma — uma explosão de cores e de sons, uma celebração da voz e do corpo do chamado Rei do Rock — e seu ritmo (por vezes deliciosamente caótico) refletem o espírito irrequieto do personagem, sua energia, sua extravagância, seu requebro sedutor e suas várias transformações.
Com duas horas e 40 minutos, o filme cobre praticamente toda a trajetória do biografado. Desde a infância na cidade natal, em Tupelo, no Mississippi, onde ele descobriu sua conexão com a música negra e seu prazer em ser adorado, até a morte (por um ataque cardíaco no qual pesaram o vício em remédios barbitúricos e o excesso de gordura e colesterol), no dia 16 de agosto de 1977, na mansão Graceland, em Memphis, no Tennessee. No meio, assistimos ao desfile de diferentes fases: a do terno cor de rosa, a do uniforme militar, a do traje de couro preto e a dos macacões de Las Vegas. No final, só não chora quem já morreu por dentro. (Em cartaz nos cinemas)
A Garota da Foto (2022)
Depois de contar uma história espantosa em Sequestrada à Luz do Dia (2017), a estadunidense Skye Borgman acrescenta mais um título horripilante à coleção de documentários da Netflix sobre crimes reais. O filme começa mostrando que a jovem Sharon foi atropelada e está gravemente ferida no hospital. O único contato é seu marido, um homem mais velho. Sharon morre, surge a suspeita de que não foi vítima de acidente, mas de homicídio, e a partir daí A Garota da Foto transforma-se em um conto cheio de reviravoltas — o tempo todo — sobre o quão monstruoso o ser humano pode se tornar. Surpreendentemente, também aponta o quão maravilhosa uma pessoa pode ser, a ponto de converter a dor em carinho. (Netflix)
Seguindo Todos os Protocolos (2022)
O filme escrito, dirigido e protagonizado pelo pernambucano Fábio Leal talvez seja o melhor retrato ficcional da vida sob o signo do coronavírus — e, em que pese a duração de apenas 74 minutos, o mais completo sobre o cenário brasileiro. Na trama, rodada quase toda em um apartamento de Recife, o protagonista, Chico, tenta encontrar um meio de aplacar sua solidão: mas como transar seguindo todos os protocolos sanitários? O que começa em tom mais de comédia oferece passagens dramáticas ou mesmo tensas e momentos tocantes de romantismo e de erotismo, até desaguar em uma sequência absolutamente poética: um passeio motociclístico noturno embalado por Amor e Sina, belíssima canção composta por Luiz Amaro Fortes e interpretada pela voz inebriante de Sophia Ardessore. (Sessões na Cinemateca Capitólio, nos dias 20/7, às 15h, 21/7, às 17h, 22/7, às 16h15min, 24/7, às 17h, 26/7, às 17h, e 27/7, às 16h15min)
O Telefone Preto (2022)
Eu não curti tanto, mas é uma das principais estreias desta semana no cinema, tem uma atmosfera inegavelmente sinistra e envolvente e pode funcionar melhor se você não for tão familiarizado com as adaptações das histórias do escritor Stephen King e de seu filho, Joe Hill. Ele é o autor do conto no qual se baseia a segunda parceria do diretor Scott Derrickson com o ator Ethan Hawke — a primeira foi A Entidade (2012). Neste novo filme de terror, ambientado na Denver de 1978, o adolescente Finney (Mason Thames), 13 anos, enfrenta sérios problemas na escola, onde é vítima do bullying e do isolamento, e em casa, onde o pai bate de cinto na sua irmã caçula. As coisas só vão piorar quando o garoto cai nas garras do sequestrador interpretado por Hawke com fina perversão. (Em cartaz nos cinemas)