Correção: o filme da Tela Quente desta segunda-feira (7) será Quarteto Fantástico (2015). A programação foi alterada depois que o colunista já havia se derramado de amores pelo diretor e roteirista Richard Curtis.
Questão de Tempo (2013), que a RBS TV exibe na Tela Quente desta segunda-feira (7), às 22h35min, traz a assinatura de um gênio das comédias românticas: Richard Curtis.
Antes de falar sobre o currículo desse neozelandês de 64 anos que fez carreira na Inglaterra, deixem-me contar um pouco sobre mim. Comédias românticas me tiram do sério: eu rio e eu choro mesmo quando sei que o filme não é lá essas coisas — como, por exemplo, Uma Segunda Chance para Amar (2019), a homenagem ao cantor e compositor George Michael estrelada por Emilia Clarke (a Daenerys do seriado Game of Thrones). Sou alguém que acredita no amor e no humor, na confluência do acaso com o destino, no poder do Sol e nas promessas contidas nas estrelas.
Daí que desde Quatro Casamentos e um Funeral (1994), que concorreu aos Oscar de melhor filme e roteiro original, o nome de Curtis se tornou um convite irresistível. Nessa trama dirigida por Mike Newell, ele conta a história de um solteirão convicto que acaba se apaixonando por uma americana (Andie MacDowell). O protagonista valeu um Globo de Ouro ao ator Hugh Grant, que voltaria a trabalhar com Curtis em um punhado de filmes.
O primeiro deles foi Um Lugar Chamado Notting Hill (1999), que concorreu aos Globos de Ouro de melhor comédia ou musical, ator (Grant) e atriz (Julia Roberts). Logo depois, O Diário de Bridget Jones (2001) contou com a mão no neozelandês na adaptação do best-seller da escritora Helen Fielding. Antes de coassinar o script de Bridget Jones: No Limite da Razão (2004), Curtis estreou como diretor de cinema. Fez Simplesmente Amor (2003), que acompanha um carrossel de paixões em Londres, nas semanas que antecedem o Natal, e inclui no elenco Rodrigo Santoro, Emma Thompson, Liam Neeson, Laura Linney, Colin Firth e Keira Knightley. O filme disputou o Globo de Ouro de melhor comédia ou musical e melhor roteiro.
Na parceria com Hugh Grant, Richard Curtis burilou o tipo de desventuras amorosas que, mais recentemente, foram vividas por Domnhall Gleason (em Questão de Tempo, que ele mesmo dirigiu) e por Himesh Patel (em Yesterday, de 2019, escrito para o cineasta Danny Boyle). Temos um protagonista masculino com humor autodepreciativo, uma personagem feminina que exala doçura, o amigo esquisito que diz verdades ultrajantes, diálogos temperados com a fina mas às vezes cruel ironia britânica, dilemas morais capazes de colocar tudo por água abaixo, uma trilha sonora pop e, fundamentalmente, um convite para que abracemos o implausível.
Nos universos conspirados pelo diretor e roteirista, o amor é soberano à razão, às convenções, ao verossímil, à ciência. Um reles dono de livraria pode conquistar o coração de uma estrela de Hollywood. O primeiro-ministro pode se apaixonar por uma funcionária. Um cantor e compositor fracassado pode se tornar a única pessoa no mundo a lembrar da existência dos Beatles. Um jovem pode viajar no tempo para reencontrar a garota ideal.
É isso o que acontecerá na Tela Quente desta segunda-feira. Tim Lake (Domhnall Gleason) descobre que os homens de sua família conseguem viajar no tempo. Então, ele volta ao passado para tentar conquistar Mary (Rachel McAdams, em química tocante com Gleason).
Mais não digo para não tirar a graça. Mas dá para avisar que há uma participação de Margot Robbie antes de a atriz australiana atrair os olhos do mundo como a esposa de Leonardo DiCaprio em O Lobo de Wall Street, lançado no ano seguinte por Martin Scorsese, e muito antes de virar a Arlequina. E que, na falta de Hugh Grant, outro colaborador habitual de Richard Curtis dá as caras em Questão de Tempo: Bill Nighy, o impagável roqueiro cinquentão de Simplesmente Amor.