Em dezembro, quando só conseguiu a prorrogação das alíquotas de ICMS com o apoio do PT e do PSOL, o governador Eduardo Leite ouviu que seu governo estava fadado a não aprovar mais nada na Assembleia Legislativa. O cenário era de terra arrasada. Pouco mais de dois meses depois, os deputados aprovaram, com 31 votos a favor e 19 contra, a reforma da previdência dos militares, essencial para a redução do déficit.
Como foi possível, com a pressão dos servidores da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros? Pela articulação política.
A reorganização da base aliada na Assembleia, com a ampliação do espaço do MDB no governo, explica a maior parte do milagre. A outra, é a convicção de que não fazia sentido dar aos militares tratamento previdenciário diferente dos civis. Sem cargos no governo, os dois deputados do Novo, por exemplo, votaram contra a prorrogação das alíquotas, mas apoiaram a reforma previdenciária dos militares.
Não por coincidência, no mesmo dia da votação tomou posse na Secretaria de Desenvolvimento Econômico o deputado Edson Brum, abrindo caminho para o quinto suplente da bancada do MDB, Clair Kuhn, assumir uma cadeira na Assembleia. Aberto o placar, o MDB deu 100% dos votos a favor do projeto, superando o PTB, que costumava ser o aliado mais fiel e deve duas defecções — Luís Augusto Lara votou contra e Elizandro Sabino se ausentou.
Por causa do agravamento da pandemia, a sessão foi virtual e o presidente da Assembleia, Gabriel Souza, recém recuperado da covid-19, coordenou os trabalhos praticamente sozinho. Pela primeira vez, a sessão foi realizada sem assessoria legislativa, porque os assessores estão em home office. O marido da superintendente legislativa Fernanda Paglioli está com coronavírus e toda a equipe teve de entrar em quarentena.
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