A substituição de um político, Faisal Karam, por uma técnica, a professora goiana Raquel Teixeira, na Secretaria da Educação faz parte de um movimento mais amplo do governador Eduardo Leite para elevar a régua dos indicadores do Rio Grande do Sul, dos quais nenhum gaúcho tem motivo para se orgulhar. Nesse movimento está incluída a mudança na forma de repasse do ICMS aos municípios, com a reserva de uma parte dos 25% para distribuição de acordo com a evolução dos indicadores de aprendizado. O projeto foi detalhado há 10 dias e está em fase de discussão com os prefeitos.

Leite planejava essa mudança para 2020, mas a pandemia atropelou os planos e a Secretaria da Educação passou o ano todo administrando a crise e tentando adaptar professores e alunos à realidade das aulas remotas, sem nenhuma experiência prévia. As aulas na rede estadual foram retomadas na segunda-feira (8), ainda em sistema online, pelo agravamento da pandemia, que deixou o Estado em bandeira preta pelo menos até 22 de março.

Raquel tem o perfil que Leite gostaria de ter colocado na Secretaria da Educação na montagem original da equipe, mas os especialistas convidados recusaram e ele acabou optando por uma solução política, até porque precisava aprovar mudanças no plano de carreira dos professores. Passados dois anos, o foco é qualificar a educação e, para isso, a experiência de Raquel, duas vezes secretária estadual em Goiás, deputada federal e hoje responsável por um programa de formação de professores em São Paulo é considerada fundamental.

Uma das pessoas que  costurou a vinda da professora para o Rio Grande do Sul foi o economista Aod Cunha, ex-secretário da Fazenda, amigo e conselheiro do governador. Apaixonado pelo tema da educação, Aod se dispôs a fazer o papel de headhunter e garimpar, usando sua vasta rede de contatos em todo o Brasil, uma pessoa com o perfil desenhado por ele e por Leite em longas conversas sobre o futuro. A premissa número um era eliminar qualquer preconceito em relação ao Estado de origem: importavam a competência, a experiência na gestão, o conhecimento e a capacidade de diálogo com os professores.

Leite contou com também com a ajuda de Regina Esteves, da Comunitas, organização sem fins lucrativos que, por meio da articulação entre os diversos setores da sociedade, pensa e desenvolve soluções para uma gestão pública sustentável. A indicação fou referendada pela economista Elena Landau e por integrantes do movimento Todos pela Educação, do qual Raquel faz parte.

Outra avalista da indicação é a economista Ana Carla Abrão, goiana como Raquel. As duas foram contemporâneas no governo de Marconi Perillo, de quem Ana Carla foi secretária da Fazenda. Ela descreve assim a futura secretária da Educação:

—  Raquel tem características muito importantes para o cargo. É professora, fala a língua dos professores, entende suas dores, é reconhecida e respeitada no meio. Foi responsável pela transformação da educação no Estado de Goiás, mesmo em um quadro de aperto fiscal. Ela trabalha muito a parte pedagógica e pensa a educação de uma forma muito moderna. Conseguiu subir a régua nas avaliações da educação básica e é uma especialista em construir pontes.

Ana Carla tem 20 anos menos do que Raquel. É amiga do filho dela e fala com intimidade:

 —  Ela tem um metro e meio de altura, mas é a baixinha mais articulada que conheço, simpática e cheia de energia.

Correção: O Todos pela Educação informa que não é verdadeira a informação de que deu aval à indicação de Raquel Teixeira para a Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul. A ONG diz que de sua equipe executiva, "não houve nenhuma indicação nesse sentido. Inclusive é uma política nossa não fazer indicação para cargos - mesmo sendo alguém com reconhecida contribuição à Educação como ela". 

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