A América do Sul, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) posicionou na sexta-feira como novo epicentro da pandemia, não é uma só.
Como na Ásia ou na Europa do coronavírus, é reducionista entender um continente como uma massa territorial uniforme onde a covid-19 ataca impiedosamente. Na Ásia, a China conteve o vírus a fórceps, mas ainda não explicou a origem. A Coreia do Sul deteve com tecnologia. Na Europa, Itália, França e Espanha se fecharam, enquanto a Suécia preferiu a estratégia da imunidade de rebanho.
Nem países vizinhos, como Espanha e Portugal, tiveram destinos semelhantes. O segundo comemora números baixos de pacientes enquanto o primeiro chora seus caídos na pandemia.
Há diferentes cenários epidemiológicos em uma mesma América do Sul. O Brasil é o cenário mais preocupante – e, mesmo assim, dentro do país há várias nuances da gravidade: São Paulo não pode ser colocado lado a lado com o Rio Grande do Sul, assim como, do ponto de vista do subcontinente, a situação no Peru (onde há avanço preocupante) é completamente diferente da do Paraguai (o melhor case da região até agora, com confinamento forçado) ou do Uruguai (que conseguiu reter o vírus sem quarentena obrigatória).
Vizinho peruano ao Sul, o Chile, que já esteve melhor na contenção da doença, viu sua realidade desandar e vive sua fase mais crítica. Do dia 15 de maio até sexta-feira, houve aumento de 59% nos óbitos.
Situação demográfica importa. Somos o continente que mais teve tempo para se preparar para enfrentar a pandemia. Desde o surgimento do patógeno em Wuhan, lá se vão cinco meses. Por quantos dias permaneceremos no epicentro? Em parte, irá depender do quanto aprendemos e de como aproveitamos o período anterior para fazermos o tema de casa.