Como o IPCA-15 de dezembro havia sinalizado, o índice oficial do Brasil informado nesta sexta-feira (10) pelo IBGE confirmou: a inflação de 2024 estourou o teto da meta, em 4,83%.
O sistema de meta de inflação foi adotado em 1999, depois da fracassada tentativa de controlar o câmbio. A meta de inflação do ano passado era de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. Se não passasse de 4,5%, ficaria dentro do teto. Mas excedeu esse limite em 0,33 ponto percentual.
O estouro vai exigir que o novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, publique uma carta de explicações e aponte medidas para evitar que ocorra novo problema. A inflação ficou dentro do teto em 2023, mas antes disso, teve três anos de estouro.
Como esse resultado era esperado e o dólar disparou no final do ano passado, Galípolo deve argumentar que o BC já se antecipou ao sinalizar choque de juro de três pontos percentuais a partir de dezembro passado.
Neste ano, entra em vigor um novo formato de acompanhamento da inflação, a chamada "meta contínua", baseada nas melhores práticas internacionais. Em vez de cuidar apenas do fechamento do ano, a inflação em 12 meses é acompanhada a cada mês e avaliada de acordo com a meta e seu intervalo de tolerância.
Por outro lado, não tem prazo fixado para ser alcançada. O Conselho Monetário Nacional (CNM) não precisa mais definir a meta com dois anos de antecedência, como ocorreu até 2022. A mudança já foi adotada na maioria dos países que usam o regime de meta de inflação e o Brasil era considerado "atrasado" nesse avanço.
Estouros sucessivos
A inflação fecha acima do teto desde 2020
2019 | 4,31%
2020 | 4,52%
2021 | 10,06%
2022 | 5,79%
2023 | 4,62%*
2024 | 4,83%
(*) na época, o teto era de 4,75%
Fonte: IBGE