Até a véspera, o preço do petróleo "ignorava" o risco de ampliação do conflito no Oriente Médio, considerado um fator de pressão desde o ataque terrorista do Hamas, há quase um ano. Nesta terça-feira (1º), porém, o valor do barril chegou a saltar 5%.
Os contrato para entrega de petróleo em dezembro, os mais negociados nessa época, fecharam com alta de 2,6%, para US$ 73,56, depois que se confirmou que o ataque aéreo do Irã contra Israel teve danos limitados.
Boa parte dos mísseis foi interceptada pelo sistema de defesa do país que inclui, além do Domo de Ferro, uma ferramenta com o curioso nome de Estilingue de David, referência ao personagem bíblico que teria derrotado um gigante com esse instrumento.
A cotação do tipo brent, principal referência internacional, havia começado a subir depois da primeira invasão terrestre israelense ao Líbano desde 2006. E se acentuou com a confirmação do ataque aéreo do Irã em reação ao assassinato do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah.
Até a véspera, predominava a percepção que o país dos aiatolás não faria um ataque muito agressivo para não sofrer retaliações no processo de retirada parcial de sanções internacionais, especialmente dos Estados Unidos, que apoia Israel.
Uma alta acentuada no preço do petróleo agora é uma dor de cabeça global. A matéria-prima é que a que mais determina repasses ao longo de várias cadeias produtivas em um momento que os países começavam a conter o processo inflacionário despertado pela pandemia e acentuado pela guerra da Rússia contra a Ucrânia e pelo próprio conflito no Oriente Médio.
E não afeta só os combustíveis, por sua vez transmissores de alta de preço de quase todos os modais de transporte. Além disso, é base da indústria petroquímica, que influencia de embalagens, inclusive de alimentos, até a construção civil.
Hamas, Hezbollah e Houthi, grupo rebelde do Iêmen que praticamente inviabilizou a passagem pelo Mar Vermelho, são financiados pelo Irã. Na imprensa internacional, são definidos como "proxys" (representantes) do país de governo xiita.
Uma escalada arriscada, ou chegamos até aqui
- No dia 7 de outubro de 2023, um ataque terrorista do Hamas a Israel deixou centenas de mortos e mais de uma centena de reféns (número exato não é conhecido).
- A reação de Israel foi extrema, invadindo e bombardeando Gaza, território governado pelo Hamas, a ponto de desgastar Benjamin Netanyahu com aliados.
- Um ataque de Israel à embaixada do Irã em Damasco, capital da Síria, deixou oito mortos, entre os quais integrantes da Guarda Revolucionária do Irã. A retaliação e a resposta foram contidas por pressão internacional.
- Outro risco havia surgido com o temor da represália de Israel a um ataque do Hezbollah nas Colinas de Golan, ocupadas por Israel desde o final da década de 60.
- O assassinato do líder do Hamas Ismail Haniyeh em Teerã foi o último "evento" que fez o barril passar do limite de US$ 80.
- Com o Hamas desarticulado, o novo alvo de Israel é o Hezbollah, outro grupo financiado pelo Irã. No sábado, Hassan Nasrallah, líder desse grupo que é uma espécie de Estado paralelo no Líbano, foi morto em um bombardeio.
- Na noite de segunda-feira (30 de setembro), Israel invadiu o território do Líbano via terrestre pela primeira vez desde 2006.
- Na terça-feira (1º/10), o Irã disparou mísseis contra Israel. Até este momento, aparentemente a maioria foi interceptada pelo sistema de defesa Domo de Ferro.