No último dia do mês em que o barril de petróleo havia despencado, a cotação disparou e o preço voltou ao patamar de US$ 80 depois do assassinato de Ismail Haniyeh, líder do Hamas.
O fato de Haniyeh ter sido morto em Teerã, onde participava da posse do novo presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, agrava o que já seria visto como um perigoso cruzamento de limite.
Na manhã desta quarta-feira (31), enquanto o mundo discute o risco de ampliação do conflito no Oriente Médio depois do ataque atribuído a Israel, a cotação do barril já subiu acima de 3%, neutralizando quase metade da queda acumulada no mês. O dólar também sobe 0,48%, para R$ 5,645.
Esse é episódio mais desafiador (veja detalhes abaixo) para a tentativa de contenção do conflito. Hanieyh era considerado um representante de uma ala "pragmática" do Hamas, tanto que tinha rosto conhecido, diferentemente de líderes ainda mais extremistas.
O grupo é financiado pelo Irã, que agora se considera alvo de um ataque duplo, pelo fato de o assassinato ter sido cometido em seu território. Isso vai desafiar os esforços diplomáticos que até agora vinham evitando a temida ampliação do conflito no Oriente Médio.
"O regime sionista criminoso e terrorista (governo de Israel) martirizou nosso querido hóspede em nosso território e causou nossa dor, mas também preparou o terreno para uma punição severa", foi a mensagem de Ali Khamenei, líder supremo do Irã em rede social.
A esperança é de que prevaleça a afirmação feita pelo primeiro vice-presidente do Irã, Mohammad Reza Aref, em comunicado, de que o país não tem intenção de escalar o conflito no Oriente Médio.
Uma escalada arriscada, ou como viemos parar aqui
- No dia 7 de outubro de 2023, um ataque terrorista do Hamas a Israel deixou centenas de mortos e mais de uma centena de reféns (número exato não é conhecido).
- A reação de Israel foi extrema, invadindo e bombardeando Gaza, território governado pelo Hamas, a ponto de desgastar Benjamin Netanyahu com aliados.
- Um ataque de Israel à embaixada do Irã em Damasco, capital da Síria, deixou oito mortos, entre os quais integrantes da Guarda Revolucionária do Irã. A retaliação e a resposta foram contidas por pressão internacional.
- Outro risco havia surgido com o temor da represália de Israel a um ataque do Hezbollah nas Colinas de Golan, ocupadas por Israel desde o final da década de 60.
- Agora, o assassinato de Ismail Haniyeh é visto como um perigoso cruzamento de limite, do ponto de vista da contenção do conflito ao âmbito de Israel e Hamas.