Há pouco menos de um ano, quando ocorreu o ataque terrorista do Hamas em território israelense, havia uma consenso: o petróleo só dispararia se houvesse uma ampliação do conflito no Oriente Médio.
Embora o risco dessa extensão tenha se acentuado de forma dramática nos últimos dias, a cotação do barril oscila pouco. Nesta segunda-feira (30), abriu até com sinal negativo, embora quase simbólico, com recuo de 0,45%, para US$ 71,66.
Isso que, no domingo, ocorreu o primeiro ataque direto de Israel ao centro de Beirute, com bombardeio até a prédios residenciais, depois que, no sábado, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, foi morto em um bombardeio.
O que está dominando o mercado neste momento não é o temor de ampliação do conflito, mas previsões de aumento do estoque e temores de baixa demanda. No entanto, isso não significa que, se houver envolvimento direto de outros países no confronto, possa haver impacto no preço que mais determina repasses pelo mundo.
Assim como ocorreu no caso da morte do líder do Hamas, o Irã ameaçou se vingar, mas a declaração foi relativizada porque o país teme que um envolvimento direto no conflito possa afetar a retirada parcial de sanções internacionais, especialmente dos Estados Unidos.
Hamas, Hezbollah e Houthi, grupo rebelde do Iêmen que praticamente inviabilizou a passagem pelo Mar Vermelho, são financiados pelo Irã. Na imprensa internacional, são definidos como "proxys" (representantes) do país de governo xiita.
A decisão do governo de Benjamin Netanyahu de estender ao Hezbollah a tentativa de extermínio dirigida ao Hamas foi chancelada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. No entanto, a ONU alertou que o Oriente Médio está "à beira de uma catástrofe iminente". Até agora, a diplomacia de EUA, União Europeia e Reino Unido preferem apelar a um " entendimento".
Uma escalada arriscada, ou como viemos parar aqui
- No dia 7 de outubro de 2023, um ataque terrorista do Hamas a Israel deixou centenas de mortos e mais de uma centena de reféns (número exato não é conhecido).
- A reação de Israel foi extrema, invadindo e bombardeando Gaza, território governado pelo Hamas, a ponto de desgastar Benjamin Netanyahu com aliados.
- Um ataque de Israel à embaixada do Irã em Damasco, capital da Síria, deixou oito mortos, entre os quais integrantes da Guarda Revolucionária do Irã. A retaliação e a resposta foram contidas por pressão internacional.
- Outro risco havia surgido com o temor da represália de Israel a um ataque do Hezbollah nas Colinas de Golan, ocupadas por Israel desde o final da década de 60.
- O assassinato do líder do Hamas Ismail Haniyeh em Teerã foi o último "evento" que fez o barril passar do limite de US$ 80.
- Com o Hamas desarticulado, o novo alvo de Israel é o Hezbollah, outro grupo financiado pelo Irã. No sábado, Hassan Nasrallah, líder desse grupo que é uma espécie de Estado paralelo no Líbano, foi morto em um bombardeio.