No dia em que o conflito no Oriente Médio se ampliou para mais um país, a Síria, alvo de bombardeio de Israel, o petróleo passou de US$ 79 durante o dia, mas fechou com alta de 0,55%, com barril a US$ 78,05. Mesmo com alta diária menor, a cotação subiu 8,4% na semana, a maior para o período desde outubro de 2022.
A desaceleração ocorreu depois que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tentou consertar uma gafe de bilhões. Na véspera, havia admitido - de forma que parecia desatenta - um ataque a instalações petrolíferas no Irã. O preço saltou 5%.
Nesta sexta-feira (4), disse que teria pedido a Israel para avaliar "alternativas" aos ataques às instalações de petróleo. A cotação desinflou em seguida, mesmo que The New York Times tenha apurado que o diálogo entre os dois países não está muito produtivo. Foi uma gafe que custou bilhões.
Além de reforçar as indagações sobre as competências presidenciais de Biden, o episódio mostra o quanto o mercado está sensível, agora com quatro países envolvidos no conflito - Israel, Líbano, Síria e Irã, este um grande produtor de petróleo.
— Os israelenses ainda não decidiram o que vão fazer em termos de ataques contra o Irã, ainda está em discussão. Sanções ao petróleo iraniano estão em debate, mas não posso comentar sobre isso agora — tentou consertar Biden.
Será um final de semana tenso, à espera da enésima represália à retaliação.
Uma escalada arriscada, ou como chegamos até aqui
- No dia 7 de outubro de 2023, um ataque terrorista do Hamas a Israel deixou centenas de mortos e mais de uma centena de reféns (número exato não é conhecido).
- A reação de Israel foi extrema, invadindo e bombardeando Gaza, território governado pelo Hamas, a ponto de desgastar Benjamin Netanyahu com aliados.
- Um ataque de Israel à embaixada do Irã em Damasco, capital da Síria, deixou oito mortos, entre os quais integrantes da Guarda Revolucionária do Irã. A retaliação e a resposta foram contidas por pressão internacional.
- Outro risco havia surgido com o temor da represália de Israel a um ataque do Hezbollah nas Colinas de Golan, ocupadas por Israel desde o final da década de 60.
- O assassinato do líder do Hamas Ismail Haniyeh em Teerã foi o último "evento" que fez o barril passar do limite de US$ 80.
- Com o Hamas desarticulado, o novo alvo de Israel é o Hezbollah, outro grupo financiado pelo Irã. No sábado, Hassan Nasrallah, líder desse grupo que é uma espécie de Estado paralelo no Líbano, foi morto em um bombardeio.
- Na noite de segunda-feira (30 de setembro), Israel invadiu o território do Líbano via terrestre pela primeira vez desde 2006.
- Na terça-feira (1º/10), o Irã disparou mísseis contra Israel. A maioria foi interceptada pelos sistemas de defesa de Israel, que avisou ter intenção de retaliar.
- O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse na quarta-feira (2) que a resposta será "precisa e dolorosa".