Atualização: depois de subir muito pela manhã e moderar a alta à tarde, a cotação do petróleo reacelerou, avançando 1,5% depois do fechamento, com informações de novo ataque de Israel a Beirute, capital do Líbano.
Em poucos dias, o que era um conflito entre Israel e o Hamas, restrito à Faixa de Gaza com eventuais extensões relacionadas a grupos rebeldes, virou uma guerra que já envolve três países, se não quatro.
Está dada a ampliação do conflito no Oriente Médio, com ameaça de "guerra total" ainda não confirmada. Por isso o petróleo voltou a subir nesta quarta-feira (2), à espera da temida resposta de Israel ao ataque aéreo do Irã.
Pela manhã, chegou a disparar mais 3%, mas moderou a alta à tarde com informações sobre estoques maiores, do Irã aos Estados Unidos, e produção crescente na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Mesmo assim, o barril do tipo brent fechou 0,46% acima da véspera, em US$ 73,99.
O temor no mercado sobre a retaliação de Israel é de que possa danificar ou até impedir acesso a operações de petróleo no Irã. Outra ameaça seria o fechamento do Estreito de Ormuz. Situado entre o Golfo Pérsico e o de Omã, é passagem para cerca de 40% do tráfego marítimo petroleiro mundial.
Embora desta vez tenha usado mísseis - não drones, como em reação contida anterior - o Irã voltou a fazer um ataque calibrado, permitindo intercepção pelos sistemas de defesa de Israel. Com a invasão terrestre de Israel ao território do Líbano, na segunda-feira (30/9), já há três países envolvidos no conflito, com potencial de incluir o Iêmen.
O que explica parte dessa ampliação é a origem da nova onda de violência no Oriente Médio. O Hamas, que cometeu ataque terrorista em Israel em 7 de outubro, é financiado pelo Irã, assim como o Hezbollah do Líbano e o Houthi, do Iêmen. São definidos como "proxies" (representantes) do país de governo xiita.
A outra parte é a agenda do atual primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que desafia até seu maior aliado, os Estados Unidos, ao assumir o risco da "guerra total".
Uma escalada arriscada, ou como chegamos até aqui
- No dia 7 de outubro de 2023, um ataque terrorista do Hamas a Israel deixou centenas de mortos e mais de uma centena de reféns (número exato não é conhecido).
- A reação de Israel foi extrema, invadindo e bombardeando Gaza, território governado pelo Hamas, a ponto de desgastar Benjamin Netanyahu com aliados.
- Um ataque de Israel à embaixada do Irã em Damasco, capital da Síria, deixou oito mortos, entre os quais integrantes da Guarda Revolucionária do Irã. A retaliação e a resposta foram contidas por pressão internacional.
- Outro risco havia surgido com o temor da represália de Israel a um ataque do Hezbollah nas Colinas de Golan, ocupadas por Israel desde o final da década de 60.
- O assassinato do líder do Hamas Ismail Haniyeh em Teerã foi o último "evento" que fez o barril passar do limite de US$ 80.
- Com o Hamas desarticulado, o novo alvo de Israel é o Hezbollah, outro grupo financiado pelo Irã. No sábado, Hassan Nasrallah, líder desse grupo que é uma espécie de Estado paralelo no Líbano, foi morto em um bombardeio.
- Na noite de segunda-feira (30 de setembro), Israel invadiu o território do Líbano via terrestre pela primeira vez desde 2006.
- Na terça-feira (1º/10), o Irã disparou mísseis contra Israel. A maioria foi interceptada pelos sistemas de defesa de Israel, que avisou ter intenção de retaliar.