Nesta quinta-feira (22) em que a bolsa trafega no negativo depois de três recordes máximo sucessivos, uma ação cai por força de uma situação inusitada.
A Braskem, dona da maior parte do polo petroquímico de Triunfo, informou à Justiça que receber R$ 8 bilhões em indenização de sua controladora representa risco e "piora sua situação".
A situação revelada pelo jornal Valor Econômico envolve, além da uma das maiores operações industriais do Estado, outro gaúcho, o empresário Lírio Parisotto.
A decisão judicial foi tomada em ação iniciada em 2018 por dois acionistas minoritários da Braskem, o economista Aurélio Valporto, presidente da Associação Brasileira de Investidores (Abradin), e o fundo Geração Futuro L Par Fia, de Parisotto.
Ambos acusaram a Novonor (ex-Odebrecht), controladora da Braskem, de abuso de poder de controle, por ter organizado um esquema de corrupção que levou a Braskem a perdas de cerca US$ 1 bilhão na época da Lava-Jato. As duas empresas firmaram acordos de leniência, assumindo responsabilidade por ações de suborno.
Embora a decisão seja favorável à Braskem, os dois acionistas seriam beneficiados na proporção de suas fatias na empresa.
A Novonor está em recuperação judicial - cujo encerramento depende da venda da petroquímica - e precisa manter o pagamento das parcelas do pagamento exigido em acordo de leniência feitos no Brasil, nos Estados Unidos e na Suíça.
Conforme a Braskem, essa indenização que não foi requerida pela companhia, mas pelos minoritários, embute risco de descumprimento desses compromissos e de “graves prejuízos” à companhia, inclusive na esfera criminal.
O imbróglio da Braskem
A petroquímica está à venda desde 2018, como condição para que sua contraladora, a Novonor (ex-Odebrecht), que entrou em crise depois da operação Lava-Jato, possa sair da recuperação judicial. A empresa privada tem 38,3% do capital total da Braskem e 50,1% das ações ordinárias, enquanto a Petrobras tem 36,1% do e 47% das ordinárias.
Todas as tentativas até agora travaram na falta de transparência na avaliação dos danos provocados na mineração de sal-gema em Maceió (AL). Atualmente, a estimativa dos passivos é de R$ 15,5 bilhões. A desistência mais recente foi a da estatal de petróleo de Abu Dhabi.
Leia mais na coluna de Marta Sfredo