
Neste início de ano, as projeções para a inflação estão diferentes do ano passado, quando subiam sem parar. No Relatório Focus, em que o Banco Central (BC) publica as estimativas dominantes entre cerca de uma centena de economistas de instituições financeiras, gestoras de investimento e consultorias – chamado de "consenso do mercado" –, as apostas vêm de alternando entre subidas e descidas.
Nesta segunda-feira (24), a perspectiva para o IPCA do ano foi reduzida pela segunda vez seguida, algo incomum desde o início do ano passado. Mesmo assim, a diminuição é muito discreta, mal visível: de 5,66% para 5,65%, muito acima do centro da meta, de 3%.
No conjunto da obra, porém, as projeções do Focus guardam coerência, indicando que não se trata apenas de uma variação estatística. Todos os principais indicadores da economia murcharam: a projeção para o crescimento do PIB em 2025 também encolheu pela segunda semana seguida, de 1,99% para 1,98%, assim como a da cotação do dólar comercial no final do ano, reduzida de R$ 5,98 para R$ 5,95.
O indicador que nem piscou foi o da Selic: a taxa de juro no final do ano segue em 15% por sólidas 11 semanas consecutivas. Também é consistente: se o preço do dinheiro na estratosfera funcionar, tende a reduzir inflação e PIB.
O dólar em baixa, nesse caso, seria um desejado coprotagonista da façanha. A essa altura, é um cenário desejável, embora embuta alto custo do ponto de vista da dívida. É preciso que não seja um endividamento adicional inócuo.
O que é dominância fiscal
Situação em que o desequilíbrio das contas públicas é tão grande que torna a política monetária – feita por meio do juro – sem efeito. Mais ainda, quando altas adotadas para frear a atividade econômica e, assim, tentar controlar a alta de preços, fazem efeito contrário: aumentam a inflação.