Quem defende anistia para a turba que destruiu patrimônio público e feriu integrantes das forças de segurança do Distrito Federal em 8 de janeiro de 2023 costuma apelar para a vitimização. Seriam "velhinhas com a Bíblia na mão" e desaviados que estavam ali por acaso, sem intenção de provocar devastação e terror.
Para combater a desinformação, durante o julgamento dos primeiros oito denunciados por golpe de Estado da história do Brasil na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) o ministro Alexandre de Moraes adotou dois recursos didáticos. Um foi na véspera, quando mostrou, com números, a quantidade de condenados e as penas aplicadas até agora.
Frisou que 91% são pessoas com menos de 60 anos e que a maior parte das condenações foi com penas de prisão de até três anos (veja acima a tabela que mostrou na terça-feira, 25). Mas também admitiu que 41% receberam sentença de prisão de 14 anos ou mais, maior do que muitos crimes violentos cometidos no país. A maior é de 17 anos e seis meses de prisão, dada a apenas uma pessoa.
Nesta quarta-feira (26), Moraes voltou a recorrer a instrumentos didáticos antes de proferir seu voto, que sem surpresa foi pela admissão da denúncia contra Jair Bolsonaro e outros sete acusados.
Usou os vídeos dos ataques do dia 12 de dezembro de 2022, que incluiu veículos incendiados, e cenas de violência contra o patrimônio e contra as pessoas das forças de segurança do 8 de janeiro.
De novo, provocou polêmica por supostamente quebrar a neutralidade do tribunal. Do ponto de vista da coluna, mostrar os vídeos é útil para quem, eventualmente, tenha esquecido o que é, infelizmente, inesquecível. Talvez o ministro pudesse ter sido mais comedido nos comentários.