
Logo depois da decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que o transformou em réu, o ex-presidente Jair Bolsonaro fez um pronunciamento. Começou irônico, soltando um "satisfação em revê-los" a jornalistas que não perdeu oportunidade de aviltar durante seu mandato. Mas perdeu a linha ao longo da manifestação, mesmo sem aceitar responder perguntas para "não cair em provocação". Como se precisasse...
Em tese, seria uma oportunidade para se defender, mas acabou fazendo um "vale a pena ver de novo" do famigerado cercadinho do Palácio do Planalto, onde dia sim, outro também, ultrajava algum brasileiro.
Reafirmou com tanta ênfase algumas das acusações que, nos meios jurídicos, já se discute a possibilidade de que seu advogado, Celso Vilardi, possa abandonar sua defesa.
Mais espantosa foi uma espécie de confissão, muito semelhante à que havia feito no final do ano passado, conforme registrado pela coluna:
— Nem atos preparatórios houveram (sic) para isso, se é que para você trabalhar com dispositivo constitucional é sinal de golpe. Golpe não tem lei, não tem norma. Golpe tem conspiração com a imprensa, o parlamento, setores do Poder Judiciário, setores da economia, fora do Brasil. Forças Armadas em primeiro lugar, sociedade, empresários, agricultores. Aí você começa a gestar um hipotético golpe, nada disso houve.
Ao questionar se "trabalhar com dispositivo constitucional" é golpe, Bolsonaro volta a confessar que buscou, sim, uma saída supostamente institucional para contrariar a vontade das urnas. Mencionou o famigerado artigo 142, que virou "operação" da qual a Polícia Federal tem fartas provas. Chegou a mencionar, em outra passagem, o Estado de defesa. Ou seja, admitiu – novamente – que planejou não permitir a posse do presidente eleito legitimamente.