
No último início de semana antes da ameaçada aplicação de "tarifas recíprocas" por Donald Trump, o mercado experimenta, aqui e lá fora, um certo alívio, depois do estresse que marcou o final da semana passada.
Em fevereiro, o presidente dos Estados Unidos havia afirmado que imporia tarifas de 25% inclusive sobre sobre veículos, semicondutores (chips) e até produtos farmacêuticos. Depois, concordou em adiar as que seriam aplicadas em carros, por pressão das três maiores montadoras dos EUA.
Entre sábado e esta segunda-feira (24), os jornais americanos trouxeram informações cruciais: conforme The Wall Street Journal, é pouco provável que as tarifas de setores específicos sejam anunciadas em 2 de abril, como previsto. E segundo a Bloomberg News, alguns segmentos serão poupados dessa pesada alíquota.
Nesta segunda-feira (24), o Wall Street Journal, mais conhecida publicação especializada em economia dos EUA, afirma que carros e chips serão excluídos das "tarifas recíprocas" (confira aqui). A publicação, a essa altura é bom lembrar, é parte do grupo de Rupert Murdoch, que apoiou publicamente a candidatura de Trump.
Além disso, um funcionário do governo americano cujo nome não foi revelado afirmou ao WSJ que a situação ainda "é fluida" (ou seja, não consolidada), o que significaria que não há decisão final tomada nem sobre o anúncio previsto para o dia 2, aplicado pelo presidente republicano de "Dia da Liberação".
Embora esses sinais tenham provocado alívio nos mercados – a bolsa de Nova York tem alta forte, acima de 1% – em segmentos menos determinados por variações diárias nas deliberações de Trump se acautelam. O vaivém das decisões já é uma característica marcante de seu segundo mandato na Casa Branca, a despeito de a estabilidade ser um valor inestimável na economia.
Por isso, enquanto lá fora o mercado festeja o alívio do dia, no setor produtivo a cautela ainda predomina, já que não se pode adivinhar se os sinais são firmes, e mesmo que sejam, se Trump manterá a mesma posição em oito dias.
No Brasil, o dólar teve muitas oscilações e segue em alta, na contramão do mercado internacional, devido a declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em um evento na manhã desta segunda-feira (24), afirmou que o arcabouço fiscal tem "arquitetura confortável", mas não descartaria adaptações.
A cotação da moeda americana bateu em R$ 5,77, mas moderou a alta depois que o ministro publicou um esclarecimento nas redes sociais afirmando que disse que "os parâmetros podem até mudar, se as circunstâncias mudarem", mas afirmou defender "o cumprimento das metas que foram estabelecidas pelo atual governo".