Coincidência? Já seria muita se neste início de 2023 estivessem com problemas Americanas, Oi, Marisa e Cultura, citadas no título como exemplos. Mas ainda há preocupações com outras, como Saraiva e Light, só para encompridar - sem esgotar - a lista.
A situação da Americanas é atípica: conforme o próprio executivo que expôs as tais "inconsistências contáveis", era uma prática de vários anos. Mas a alta do juro básico de 2% para 13,75% em apenas 17 meses tem peso na maioria dos demais casos.
Acionado exatamente pela Marisa para renegociar sua dívida de R$ 600 milhões com instituições financeiras, o presidente e fundador do banco de investimentos BR Partners, Ricardo Lacerda, afirmou, em entrevista à Folha de S.Paulo, que o aperto monetário e a desaceleração econômica iniciada no final de 2022 - entre outros motivos, pela alta dos juros - têm impactado o resultado das empresas.
Mesmo com a sequência pouco usual de dívidas em tentativas de renegociação, Lacerda avalia que não há um "problema sistêmico", ou seja, que afete a todo o varejo, setor que concentra a maior parte das questões. Para esse segmento, avalia o banqueiro, uma saída possível é uma rodada de fusões e aquisições. Em sua visão, a Americanas seria uma exceção sem solução, porque "não para em pé". E diagnosticou (é bom deixar claro que o BR não tem exposição à companhia, o que poderia suscitar reação mais forte):
— A empresa arquitetou uma fraude colossal, a maior da história do Brasil, claramente perpetrada por uma quadrilha que agia de forma uníssona.