Em meio a uma crise iniciada há uma semana, quando divulgou inconsistências contábeis no valor de R$ 20 bilhões nos balanços de 2022 e de anos anteriores, a Americanas entrou nesta quinta-feira (19) com pedido de recuperação judicial na 4ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro.
No documento, a empresa informa que o valor total de sua dívida é de cerca de R$ 43 bilhões e que conta com 16,3 mil credores. O texto diz ainda que o conselho de administração aprovou o pedido em caráter de urgência, por unanimidade.
Depois de a empresa encaminhar o pedido à Justiça, a documentação é avaliada por um juiz. Com a solicitação aceita, a companhia tem prazo de proteção de 180 dias contra execuções de credores. Em 60 dias, deve apresentar plano de como tentará sair da crise financeira.
Em fato relevante ao mercado, a Americanas afirma que "o grupo de acionistas de referência informou ao presidente do conselho de administração que pretendem manter a liquidez da companhia em patamares que permitam o bom funcionamento da operação de todas as lojas, do seu canal digital, - americanas.com - , da Ame e suas demais coligadas".
No início da manhã, a gigante varejista já havia alertado que, devido ao rombo no caixa — que caiu para R$ 800 milhões —, poderia pedir a recuperação judicial dentro de "dias ou mesmo horas". A quantia informada é significativamente menor do que os R$ 8,6 bilhões reportados no terceiro trimestre do ano passado.
Os efeitos da recuperação judicial da Americanas
Leia a coluna completa
Escolha por recuperação judicial aumenta impacto dos erros da Americanas
Leia a coluna completa
A divulgação das inconsistências nos balanços levou o endividamento da empresa a superar os R$ 40 bilhões. A Americanas vinha tentando negociar acordo com os credores que pudesse evitar o pedido à Justiça.
Na petição, a Americanas diz que a queda no valor das ações da empresa, de quase 80% em menos de uma semana, e o rebaixamento de seus ratings pelas agências de classificação de risco deixaram os credores financeiros "em polvorosa".
A recuperação judicial da Americanas é a quarta maior da história do Brasil. Em termos de valores, a maior recuperação judicial é a da Odebrecht, que iniciou o processo com dívidas de R$ 80 bilhões.