Como se previa desde a véspera que gravou nas retinas dos brasileiros cenas de barbárie - não há palavra que defina melhor a destruição do dia anterior -, os indicadores de risco do mercado financeiro - câmbio e juros futuros - abriram em alta, e o de oportunidade, a bolsa, em baixa.
Ao longo do dia, o dólar chegou a subir 1%, mas perdeu força ante o real, fechando em leve alta de 0,41%, para R$ 5,258. O Ibovespa, encerrou o dia com variação de +0,15%, ou seja, praticamente estável. Além do bom humor externo com a reabertura na China, analistas atribuíram parte da calmaria ao efeito "dia seguinte", quando houve resposta forte e conjunta das instituições aos ataques de domingo.
Os horrores de 8 de janeiro de 2023 vão povoar por muito tempo os pesadelos dos brasileiros democratas, mas o dia seguinte trouxe relativa tranquilização. Pela manhã, ainda havia sobressaltos sobre possíveis cercos a refinarias e até bloqueios em estradas. Só não houve tranquilidade para os cerca de 1,5 mil presos por participar de atos de barbárie antidemocrática e para os que os incentivaram e financiaram.
Para lembrar, o mercado reagiu mal a sinais iniciais do governo Lula e, assim que houve correção, mudou de humor, como a coluna registrou. No final do ano passado, a coluna apontou também um levantamento feito no mercado por empresas desse universo que associava aumento do risco institucional em caso de vitória de Jair Bolsonaro. E outro tipo de desafios em caso contrário.
Ainda na noite de domingo, André Perfeito, com anos de janela para os movimentos e as motivações do mercado, havia sinalizado:
— A questão na mesa é de autoridade. Ou bem se restabelece a ordem, ou bem se desorganizou a hierarquia. Neste cenário, é razoável supor que a percepção de risco se eleva e assim juros devem subir com efeitos na bolsa e outros ativos. Provavelmente a situação será superada, mas serão dias tensos nos mercados até que o Planalto restabeleça a ordem e que os militares se posicionem de vez.
Ao menos até agora, restabeleceu-se a ordem. Além da reunião dos chefes de poder pela manhã, a confirmação da presença de governadores muito próximos ao ex-presidente - como Jorginho Mello, de Santa Catarina, e Tarcísio de Freitas, de São Paulo - ajudou a consolidar a unidade institucional pela democracia e a sensação de que o pior havia ficado para trás.
A despeito de personagens ligados ao mercado que consideram "precipitado" condenar atos de violência despropositada de fascistas, fanáticos e lunáticos que destruíram patrimônio público e provocaram um absurdo custo para os contribuintes, os cães latiram e morderam, mas a caravana passou. E la democrazia va...