Os filhos de Gisèle Pelicot expressaram nesta quinta-feira (19) a sua decepção com as sentenças impostas aos 51 réus no julgamento por estupro na França, incluindo o pai deles, Dominique Pelicot, condenado à pena máxima.
— Os filhos estão decepcionados com as sentenças baixas, entre três e 20 anos de prisão, abaixo dos pedidos do Ministério Público — comentou um membro da família, que pediu anonimato.
Nenhum deles quis falar com o pai após a condenação a 20 anos de prisão por drogar Gisèle durante uma década para estuprá-la com dezenas de desconhecidos, acrescentou a fonte.
O julgamento
O julgamento de Pelicot começou em 2 de setembro, na cidade de Avignon, no sul da França. Os suspeitos de participação nos crimes tinham entre 26 e 74 anos no momento dos estupros.
Dominique Pélicot admitiu culpa. Outros 35 declararam inocência, enquanto 13 se consideraram culpados. Um está foragido e outro faltou ao julgamento. Do total, 18 estão em prisão preventiva.
Desde o início, o julgamento ganhou manchetes mundiais, em especial por conta da recusa de Gisèle de fazer um processo a portas fechadas. Ela apoiou a divulgação das imagens de estupro, marcadas pela frase: "Que a vergonha mude de lado". Em seu pronunciamento final antes do encerramento do julgamento, na segunda-feira (16), o homem de 72 anos elogiou a ex-esposa.
— Gostaria de começar por saudar a coragem da minha ex-mulher — disse Pelicot.
Ele também pediu que a família aceite as suas desculpas pelo sofrimento causado desde a revelação dos crimes.
— Lamento o que fiz, fazer (minha família) sofrer por quatro anos, peço perdão.
Segundo o g1, Pelicot também era acusado de ter filmado a filha, Caroline Daian, e a enteada nuas.
Entenda o caso
Gisèle descobriu que havia sido estuprada em 19 de setembro de 2020, quando a polícia indiciou o seu então marido por filmar sob as saias de três mulheres. Ao ser intimada a depor, a vítima foi confrontada com vídeos que registravam os estupros, encontrados no computador de Dominique. Eles foram casados por 50 anos e tiveram três filhos e sete netos.
— Em 50 anos, não tivemos uma vida linear, mas sempre nos mantivemos unidos. Problemas financeiros, problemas de relacionamento, problemas de saúde... Sempre apoiei o meu marido. Tenho um sentimento de nojo, tínhamos tudo para sermos felizes, tudo. Não entendo como ele conseguiu chegar a isso — afirmou ela no tribunal.
A francesa abriu mão do anonimato na tentativa de impedir que crimes como esse aconteçam novamente.