Na sexta-feira (26), foram entregues as propostas de interessados em arrematar a CEEE-D. O processo não prevê informação pública sobre quais são essas empresas ou grupos, mas os nomes circulam no mercado, como em outros casos.
Se não houver nova liminar suspendendo o leilão, o futuro da CEEE-D será definido na quarta-feira (31), a partir de 8h, horário previsto para a abertura dos envelopes na B3, a bolsa de valores brasileira. Nesta terça-feira (30), serão avaliados os documentos entregues para confirmar quais propostas serão habilitadas para fazer oferta.
A hipótese considerada mais provável, como se especula há anos, é de que a CPFL fique com o braço de distribuição da estatal gaúcha. O motivo para ser considerada a favorita para arrematar a CEEE-D é o fato de que a dona da RGE teria ganhos maiores do que outro grupo porque poderia integrar as operações nesse segmento, uma vez que já presta o mesmo serviço na maior parte do Rio Grande do Sul, com a RGE. Conforme informações de mercado, haveria ao menos mais dois envelopes: um entregue por outra empresa do setor elétrico, e um terceiro de um fundo de investimentos americano.
Sobre a identidade da companhia do ramo, as apostas se concentram na Equatorial, que vem prospectando leilões de estatais, como a CEB, uma empresa como a CEEE-D que opera no Distrito Federal. Essa, a Equatorial perdeu para a Neoenergia, parte do grupo espanhol Iberdrola. Se tem apetite para aumentar sua área de ação, a distribuidora gaúcha seria uma oportunidade. E a disposição de crescer é grande: mesmo atuando em outro ramo, a Equatorial pediu informações no processo de concessão da Cedae, estatal de água e saneamento do governo do Estado do Rio, mas na mesma área de serviços de infraestrutura.
Sobre o nome do fundo de investimentos, há mais dúvidas. Há especulações de que poderia ser o Advent, que comprou e vendeu, com lucro, duas empresas relacionadas ao Rio Grande do Sul: a Quero-Quero e a rede Big/Nacional, vendida por R$ 7,5 bilhões ao Carrefour na semana passada. Está capitalizado e vai querer reaplicar esses recursos. Como o Advent não tem serviços como eletricidade em seu portfólio, seria uma grande quebra de paradigma. Outros, como o canadense Brookfield, com boa fatia do saneamento no Brasil, seriam mais familiarizados com a atividade.
A possibilidade de participação de fundos de investimento no leilão da CEEE-D é mais provável do que em outras empresas de energia devido à situação financeira da distribuidora. Com patrimônio líquido negativo de R$ 4,88 bilhões, na visão do mercado a estatal gaúcha é um "ativo lixo". O papel de um fundo seria comprar, investir, cortar despesas, dar eficiência à empresa e vender, obviamente com lucro.
Para vencer o leilão, não há necessidade de caixa, porque o lance mínimo é simbólico, de R$ 50 mil. Com passivo total ao redor de R$ 7 bilhões, a CEEE-D é considerada uma empresa quebrada, conforme admitiu seu presidente, Marco Soligo. Mas será necessário assumir uma dívida de ICMS no valor de R$ 1,6 bilhão, com parcelamento em 10 anos, e fazer um investimento pesado na distribuidora com objetivo de recuperar indicadores de qualidade de serviço e econômico-financeiros para manter a concessão.