Houve disputa acirrada pela Companhia Energética de Brasília (CEB) em leilão de privatização realizado nesta sexta-feira (4) na bolsa de valores. Com preço mínimo de R$ 1,423 bilhão, foi arrematada pela Neoenergia por R$ 2,515 bilhões.
O ágio de 76,6% por uma companhia que atua no mesmo setor da CEEE-D, que terá edital de venda publicado na próxima terça-feira (8), animou o governo do Estado:
– Demonstra o interesse em ativos de distribuição, o que é bom. E nossa visão é de que quem participou lá e não ganhou vem com vontade para cá – disse o secretário de Meio Ambiente e Infraestrutura, Artur Lemos.
O leilão da CEB chegou à fase de viva-voz, que é quando os participantes fazem ofertas verbais, depois da entrega de envelopes fechados com as propostas iniciais. Isso só ocorre quando os preços apresentados têm valores muito semelhantes. Além da Neoenergia, que participou por meio de sua controlada Bahia Geração de Energia, disputaram a CEB a CPFL, que ofereceu um valor muito próximo, de R$ 2,508 bilhões – diferença de R$ 7 milhões – e a Equatorial, que deu lance de R$ 1,485 bilhão.
A vencedora do leilão, a Neoenergia, é parte do grupo espanhol Iberdrola. A segunda colocada, a CPFL, é dona da RGE, que também atua em distribuição em regiões do Rio Grande do Sul diferentes das atendidas pela CEEE-D. É controlada pela chinesa State Grid. A Equatorial é uma empresa brasileira que atua em Alagoas, Maranhão, Pará e Piauí, com capital pulverizado no mercado de ações. Entre seus maiores acionistas individuais estão a Squadra Investimentos e o Opportunity (sim, o de Daniel Dantas).
É preciso observar que a CEB e a CEEE-D são empresas bem diferentes, apesar de atuarem no mesmo segmento, o de distribuição, que leva eletricidade até a casa do consumidor. Mas ambas tiveram direito a alongamento de prazo para cumprimento de metas regulatórias concedido pelo Ministério de Minas e Energia.
Mas apesar de também estar ameaçada de perda de concessão por descumprir essas metas, a CEB teve lucro de R$ 99,4 milhões no terceiro trimestre, revertendo prejuízo de R$ 53,8 milhões no período anterior, e um patrimônio líquido positivo de R$ 1 bilhão. A CEEE-D teve prejuízo de R$ 422 milhões no terceiro trimestre, com patrimônio líquido negativo de R$ 5,3 bilhões.
Como se formou a dívida de R$ 7 bilhões da CEEE-D
ICMS R$ 4,4 bilhões (até abril de 2021)
BID/AFD R$ 1 bilhão
Previdência R$ 1 bilhão
Ex-autárquicos R$ 465 milhões