No Rio Grande do Sul para lançar um projeto de redução na conta de energia de hospitais gaúchos, o presidente da CPFL, Gustavo Estrella, reiterou o interesse na compra do braço de distribuição da CEEE, que deve ser privatizado neste ano. Por duas vezes ao longo da conversa com a coluna, ressaltou que o preço vai determinar a decisão. A CPFL é dona da RGE , que comprou a AES Sul e unificou as duas empresa há um ano. A distribuidora privada já responde pela distribuição de energia em quase todo o Estado, com exceção da área da empresa pública. Caso adquira a CEEE, a CPFL terá quase 100% do mercado de distribuição do Estado. A dona da CPFL, por sua vez, é a chinesa State Grid. O Programa RGE nos Hospitais compreende medidas para reduzir o consumo, como instalação de painéis fotovoltaicos e substituição de lâmpadas convencionais por LED.
A CPFL segue interessada em avaliar a compra da CEEE?
O grande negócio da CPFL é distribuição. Temos áreas de concessão no interior de São Paulo e no interior do Rio Grande do Sul. A companhia é reconhecida por ser uma das mais eficientes do setor. Pelo tamanho e pela escala, faz parte dos nossos planos continuar a crescer no negócio. A última aquisição nessa área foi a AES Sul, em 2016. A companhia continua olhando e monitorando o mercado sobre novas oportunidades de investimento. Esse é o plano do grupo, avaliar ativos que vêm ao mercado e façam sentido, por suas características. Também vamos avaliar se o preço do ativo faz sentido para que a companhia faça ou não investimento. A CPFL tem o principal investimento no setor e, reconhecidamente, a maior expertise. Todo ativo que venha a mercado será avaliado pela CPFL.
Qual unidade do grupo se candidataria à compra, seria a RGE ou a CPFL?
A regulação do setor não permite que uma concessionária controle outra. Então, assim como no caso da AES Sul, aquisições são sempre feitas pela holding.
A CPFL chegou a disputar outras empresas, mas não levou. Isso aumentou o apetite?
Há vários cases de ativos em que a CPFL teve sucesso na aquisição. A companhia olha de forma individual. Escolhe o que tem racionalidade, olha muito para o preço. Nesse caso específico, desistiu do processo em função do preço. É uma questão muito importante levada em consideração para investimentos que a companhia venha a fazer.
A CPFL está preocupada com o nível dos reservatórios de hidrelétricas, no Estado e no Sudeste?
Sim, porque estão em níveis muito abaixo das médias históricas. O ano passado terminou com hidrologia ruim, e este começou da mesma forma. Há expectativa de melhora na segunda quinzena de janeiro. A situação de hoje é essa, de níveis abaixo das médias históricas. Caso a hidrologia fique abaixo da média de forma contínua, os cenários mais extremos são racionamento ou interrupções no abastecimento, mas ainda estamos longe disso. O que deve ocorrer é o aumento no despacho térmico, que vai aumentar o custo médio de geração de energia. É o cenário mais provável.