Já na apresentação do ministro da Economia, Paulo Guedes, à plateia de 1,8 mil pessoas no Teatro da Feevale em Novo Hamburgo, hoje à tarde, ficou claro o clima de aprovação. O aplauso foi tão intenso que o ministro pôs a mão no coração e se curvou, como um pop star. Como sinalizou mais alívio para empresários, que formavam boa parte do público, foi aclamado de pé ao final da palestra de uma hora e vinte minutos a convite do Grupo Sinos. Não contou novidades, mas deu dicas sobre próximos passos. Empresários que participaram de almoço com Guedes relataram que ele foi genérico na fala reservada.
Menos encargos
Um dos primeiros recados foi “no futuro, vamos ter regimes trabalhista e previdenciário diferentes dos atuais”. Guedes mencionou mudança nas normas regulamentadoras (NRs) feita pelo secretário da Previdência e do Trabalho, Rogério Marinho, e a MP da Liberdade Econômica, iniciativa do gaúcho Paulo Uebel, secretário de Desburocratização, Gestão e Governo Digital.
Afagos ao Congresso
Várias vezes, Guedes fez afagos ao Congresso, depois da crise que abriu com comentários duros ao primeiro relatório da reforma da Previdência apresentado na comissão especial da Câmara. Disse que a instituição está “mais madura”, que não houve toma lá dá cá na aprovação da reforma e que só teve “conversas republicanas” com parlamentares.
– Não tenho enfrentado problemas. Além das primeiras escaramuças, o que recebi em Brasília foi apoio.
Novas reformas
Ao comentar as distorções no sistema tributário, Guedes observou que “tem gente que prefere entrar na Justiça do que pagar imposto”. Ponderou que o governo apresentará em breve a sua proposta de reforma tributária – há duas já em discussão, uma na Câmara, outra no Senado:
– Temos de reduzir a alíquota para todos pagarem, mas todos pagarem mesmo.
Pacto federativo
Uma das obsessões do ministro, o “dinheiro carimbado” nos orçamentos públicos (percentuais obrigatórios para educação e saúde, por exemplo) deve se extinto pelo pacto federativo, que vai “desvincular, desindexar e desobrigar” em dois ou três anos.
– Vamos descentralizar recursos mas também as responsabilidades. Depois disso, ajuda federal só em caso de catástrofes naturais, que o Brasil não tem.
Abertura comercial
Pelo relato de Guedes, um secretário de Comércio dos EUA não vinha ao Brasil havia anos. Nesta semana, o atual ocupante do cargo, Wilbur Ross, esteve em Brasília, atraído pelo fechamento do acordo entre Mercosul e União Europeia.
– Estamos nos entendendo e certamente haverá integração, com Europa, EUA, depois vem o Efta (Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein).
Privatizações
Guedes voltou a afirmar que, se depender dele, serão privatizadas todas as estatais em dois ou três anos.
— Não vou levar, mas essa é a beleza da democracia, não leva tudo, mas leva uma parte.