O avanço das investigações da Polícia Federal (PF) vem desfazendo vários mistérios que desembocaram na derradeira tentativa de golpe planejada depois da derrota nas urnas da chapa Jair Bolsonaro/Walter Braga Netto. Um deles era o da participação dos chamados "kids pretos", especulada ainda naquele domingo infame e confirmada com a prisão de vários integrantes desse grupo.
Também veio a mais espantosa das revelações: a de que o assassinato da chapa vencedora, Luiz Inácio Lula da Silva/Geraldo Alckmin, com o "bônus" da inclusão do então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes fazia parte de um plano que foi impresso dentro do Palácio do Planalto.
Mas houve pouco avanço, até agora, sobre como uma multidão se manteve acampada na frente do quartel general do Exército, em Brasília, durante semanas, com churrascos e comodidades como cabanas de massagem. A prisão de Braga Netto pode ajudar a decifrar como essa estrutura foi financiada. Permitiria, assim, "seguir o dinheiro" - da expressão "follow the money" que marcou o esclarecimento do clássico caso Watergate e virou regra básica de investigações.
Até agora, indicações de arrecadações para o "churrasco" haviam aparecido no inquérito que serviu de base para o indiciamento de Bolsonaro e outras 37 pessoas. Mas ainda se sabe pouco sobre o financiamento "no atacado", ou seja, mais volumoso.
Uma das informações passadas por investigadores da PF sobre o pedido de prisão preventiva de Braga Neto é de que ele entregou dinheiro em uma sacola de vinho para financiar as tentativas de golpe. É um tanto difícil entender o que seria uma "sacola de vinho", mas até agora a PF vem entregando provas das acusações que faz. Se a suspeita for materializada, pode desfazer um dos últimos mistérios sobre a escalada golpista.