Um dos vetores do crescimento econômico, a taxa de investimento em máquinas, equipamentos, inovação e construção despencou durante a crise e retornou ao nível de 52 anos atrás no país. Ou seja, está no mesmo patamar de 1967. A conclusão integra estudo dos pesquisadores Marcel Balassiano e Juliana Carvalho da Cunha Trece, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).
Para garimpar a informação, a dupla de especialistas analisou a taxa média de investimento de empresas ao longo de períodos de quatro anos. No mais recente, de 2016 ao primeiro trimestre de 2019, o indicador atingiu 15,5% do Produto Interno Bruto (PIB). A marca é a mesma do intervalo de quatro anos encerrado em 1967.
– Com pouco investimento, a economia também cresce pouco. Consequentemente, a criação de empregos fica mais difícil. O baixo nível de investimento é fruto da recessão e da lenta retomada da economia. É muito grave – sublinha Balassiano
Segundo o pesquisador, o estudo usou a taxa média de períodos de quatro anos para "suavizar" a volatilidade do indicador no curto prazo. Ou seja, a intenção foi diminuir o impacto de variações bruscas ao longo de intervalos menores.
– Investimento é um indicador volátil. Pode subir ou cair muito em períodos curtos – diz Balassiano.
A fraqueza dos aportes de companhias também pode ser sentida em outro estudo feito pelo pesquisador. Com base em dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), Balassiano aponta que 152 países de uma amostra de 172 nações tiveram nível de investimento maior do que o brasileiro em 2018 – 88,4% do total. No ano passado, a taxa nacional foi de 15,8% do PIB.
– O investimento não decolou por questões de expectativa. O problema do país é o desequilíbrio fiscal. Se resolver isso, em parte com a reforma da Previdência, sinalizará que a dívida pública não será tão explosiva assim. A confiança de investidores voltaria a subir – pontua Balassiano.
Para calcular a taxa de investimento, economistas usam o indicador de formação bruta de capital fixo (FBCF), que mede aportes de empresas para aumento de produção. Esse dado, em valores correntes, é dividido pelo montante do PIB. Os números são divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).