Depois de ficar na comissão especial da Câmara dos Deputados até as 2h e pegar um avião às 5h para cumprir uma série de compromissos em Porto Alegre e Região Metropolitana nesta sexta-feira, o secretário especial da Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, disse à coluna que há votos "de sobra" para aprovar a reforma das regras de aposentadoria no plenário da Câmara dos Deputados antes do recesso parlamentar, que começa no dia 18.
Contido nas declarações à imprensa, Marinho chegou a caracterizar o presidente Jair Bolsonaro como uma pessoa "peculiar", e "muito espontânea". Fez questão de citar os "freios e contrapesos da democracia" ao responder a perguntas sobre os riscos da defesa do presidente a benefícios extras a policiais – a idade mínima para aposentadoria, mesmo 10 anos inferior à das demais, desagradou a categoria. O sistema de freios e contrapesos, considerado um pilar dos regimes democráticos, estabelece que cada poder tem autonomia para exercer
sua função, mas é controlado pelos outros poderes.
– Tem o Congresso, não? – completou Marinho.
Na Federação das Indústrias do Estado, Marinho recebeu pedidos do setor para disciplinar instruções normativas sobre saúde e segurança. Há queixas dos empresários sobre o excesso de autonomia de fiscais do trabalho, que atuam com grau de independência semelhante ao do Ministério Público. Marinho respondeu que a secretaria vai olhar para o tema da "customização" (no sentido de cada um interpreta regra de forma diferente), além da simplificação e desburocratização, mas afirmou que é preciso seguir regras que mantenham a segurança no trabalho e a prevenção contra acidentes.