
Desde a quarta-feira (3), o mercado financeiro vinha mostrando um otimismo quase incompreensível diante do complexo cenário que se desenhava, com o presidente da República tomando a iniciativa de desidratar a proposta de reforma da Previdência.
E, no entanto, a reforma conquistou sua primeira vitória. Sobreviveu bem ao ataque e cumpriu as previsões de investidores e especuladores, que passaram a manhã desta quinta-feira (4) animando a bolsa de valores (alta de 1,7%) e desinflando o dólar (R$ 3,799, abaixo de R$ 3,80 pela primeira vez em três meses). É uma vitória, que ainda permite sonhar com a aprovação em primeiro turno, no plenário da Câmara dos Deputados, antes do recesso parlamentar. Ao menos, sonhar.
Na véspera, diante da queixa de policiais federais, que consideravam insuficiente a redução de 10 anos na idade mínima para aposentadoria – dos 65 anos para os mortais comuns para 55 –, Jair Bolsonaro acionou um inédito lobby presidencial para cobrar mudanças que beneficiassem a categoria. Foi um fracasso saudado não pela oposição, mas pelos responsáveis por fazer o processo andar na Câmara dos Deputados, como o presidente da comissão especial, Marcelo Ramos (PR-AM).
A reforma da Previdência superou seu primeiro desafio. Há incontáveis outros no caminho. O primeiro será exatamente tentar aprovar a proposta em plenário antes do recesso parlamentar, que começa em 18 de julho. Outro será incluir Estados e municípios no projeto, porque não faz sentido que fiquem de fora. O texto do relator prevê economia de R$ 1 trilhão cobrada pelo ministro Paulo Guedes, embora à custa de alguns jabutis, desta vez na conta. Entraram no cálculo do relator, Samuel Moreira (PSDB-SP), aspectos não relacionados a pagamento de benefícios, pensões ou outros penduricalhos da área. Tem até aumento da tributação sobre os bancos do qual, naturalmente, nenhuma pessoa física – fora os banqueiros – reclama, mas que vai parar no bolso dos correntistas e aplicadores.