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A economia nacional voltou a subir no ano passado, mas ainda não deslanchou depois da recessão. Analistas observam que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) foi freado em 2018 por combinação de fatores que abrange desde incertezas eleitorais até greve dos caminhoneiros. No ano passado, o PIB teve alta de 1,1%, mesmo nível de avanço de 2017, apontou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (28).
Especialistas avaliam que incertezas eleitorais prejudicaram avanço mais robusto da economia porque forçaram empresários a represar investimentos e contratações de funcionários. Ou seja, com as dúvidas em relação à proposta de governo que sairia vitoriosa das urnas em outubro, empresas resolveram aguardar antes de confirmar novos aportes e ampliar o quadro de trabalhadores.
– Os investimentos subiram, mas seguem aquém do que gostaríamos. Boa parte disso está relacionada ao Fla-Flu das eleições – pontua o economista Alexandre Espírito Santo, da plataforma de Investimentos Órama.
Medidos pelo indicador de formação bruta de capital fixo (FBCF), os aportes de empresas para aumento de produção subiram 4,1% depois de quatro baixas anuais seguidas. Apesar de positivo, o resultado ainda não provocou entusiasmo entre analistas.
Pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), Juliana Cunha explica que o avanço está relacionado, em parte, à base de comparação fraca deixada pela recessão.
– Na série com ajuste sazonal, para o indicador de investimentos voltar ao nível do primeiro trimestre de 2014 (antes da recessão), precisaria crescer mais 34,9%. Há setores como o da construção civil que estão segurando o avanço – relata a pesquisadora.
Em 2018, o desempenho do indicador de FBCF também foi beneficiado por alterações no Repetro, programa de incentivos destinado à indústria de petróleo e gás, salienta a economista do IBGE Amanda Tavares. Com as novas regras, houve a suspensão da cobrança de tributos na importação de equipamentos como plataformas. Isso permitiu que bens em atividade, antes registrados no Exterior, fossem cadastrados no Brasil – onde já operavam – como importações.
– O Repetro teve influência sobre o indicador de investimentos. Mas, sem isso, já haveria aumento na formação bruta de capital fixo. Não há como precisar qual seria a magnitude dessa alta – destaca Amanda.
Analistas ainda lembram que a paralisação dos caminhoneiros, em maio, fez empresas interromperem atividades, além de provocar o desabastecimento de produtos em diversos setores.
– A greve foi pesada, um choque que não estava no radar. A paralisação fez o mês de maio ser praticamente perdido – recorda Espírito Santo.
Professor da PUCRS, o economista Adalmir Marquetti sublinha que as dificuldades existentes no mercado de trabalho impediram impulso maior ao consumo das famílias, que subiu 1,9% em 2018.
– A partir da greve dos caminhoneiros, começou processo mais forte de revisão nas expectativas para o crescimento da economia. Em seguida, as incertezas eleitorais também pesaram – reforça Marquetti.