A bolsa bomba em janeiro e os índices de confiança de empresários e consumidores não param de subir, mas a economia real, essa teimosa, não engrena. O monitor do PIB, calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), mostrou que, em novembro, mês da vitória de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais, a atividade variou somente 0,3% sobre outubro. Ou seja, por enquanto, apenas entusiasmo.
Tubo bem que em setembro e outubro o resultado foi zero a zero, mas no acumulado de 12 meses houve desaceleração. Até outubro, o país registrava alta de 1,4% e, agora, 1,3%. Nos últimos cinco meses, a economia cresce a uma média de somente 0,1%. Para a FGV, a falta de fôlego é vinculada ao desequilíbrio fiscal do governo, o que reforça a necessidade de reformas macroeconômicas, como a da Previdência.
— Foi um número positivo, mas mostra certa estagnação da economia. Segue faltando velocidade na recuperação — define a pesquisadora Juliana Carvalho da Cunha, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV.
A cautela também aparece no Boletim Focus, do Banco Central (BC). A mediana das projeções de analistas financeiros para a alta do PIB em 2019 caiu de 2,57%, na semana passada, para 2,53%.
O alerta para a importância das reformas foi ainda reforçado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Em Davos, o órgão até revisou levemente para cima a projeção de avanço da economia brasileira neste ano, mas o dado anterior era de outubro. Passou de 2,4% para 2,5%. Mesmo assim, o diretor-adjunto do Departamento Econômico do FMI, Gian Maria Milesi-Ferretti, sustentou que o país pode crescer menos caso não comece a resolver a pendência das aposentadorias e inverta a trajetória da dívida pública. Assim, aumenta a pressão por mudanças da Previdência. Afinal, o crescimento global será menor neste ano e o Brasil dependerá mais das próprias pernas.