Bastou o presidente do BNDES, Joaquim Levy, cumprir a palavra e começar a "abrir a caixa-preta" dos empréstimos da instituição, a decisão já provocou reações. O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, enviou nota à imprensa afirmando ter "determinado" que a estatal não opere mais com bancos públicos. Argumentou que "os recursos da sociedade não podem ser empregados para subsidiar grandes empresas que têm fácil
acesso aos mercados financeiros".
Na lista divulgada nesta sexta-feira (18) pelo BNDES,
a estatal aparece como principal beneficiada nos últimos
14 anos, período das informações liberadas (veja acima). Sem contar as subsidiárias, a Petrobras recebeu
R$ 62,4 bilhões. Contando, chega a R$ 91 bilhões.
Em segundo lugar, vem a Embraer, que em breve será absorvida pela Boeing, com R$ 49,37 bilhões. Conforme
os termos da negociação, os americanos vão pagar
US$ 4,2 bilhões (pelo câmbio de hoje, R$ 15,6 bilhões) por 80% da parte comercial da ex-estatal brasileira, a mais valiosa.
Na terceira posição, aparece a Norte Energia, empresa montada para assumir o controle da polêmica hidrelétrica Belo Monte, com R$ 25,38 bilhões, constituída por várias estatais e fundos de pensão. Além da Vale, que vem a seguir, que é uma empresa privada mas ainda tem uma golden share estatal, a primeira empresa sem laços mais fortes com a União é a Odebrecht, com R$ 18,1 bilhões.
Além de ter informado as 50 empresas que mais obtiveram recursos, tanto de financiamento quanto de investimentos em participação acionária, o BNDES está abrindo os principais contratos de engenharia feitos no Exterior com apoio do banco público, como o da construção do porto de Mariel, em Cuba (veja abaixo o quinto aditivo do contrato).