Nem a onda que impacto que atingiu a família Bolsonaro depois da decisão de suspender o processo envolvendo o ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz fez o mercado financeiro tremer. A medida tomada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux foi solenemente ignorada por investidores e especuladores. Embora o dólar tenha fechado a semana com alta, a primeira em 15 dias, foi pequena. A bolsa de valores voltou a quebrar recordes sucessivos e encerrou a semana a 96.096 pontos. Para além da rima numérica, é a pontuação mais alta da história, outra vez. Foram 10 em 13 dias úteis de 2019.
Tudo o que importa é a reforma da Previdência. Até o rumor de que os detalhes seriam apresentados pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, em Davos, na Suíça, mexeram os os ânimos da turma. Os dois vão passar quatro dias no Fórum Econômico Mundial, que ocorre todos os anos no cenário alpino. Encontrarão ricos e famosos, mas também ativistas ambientais e da igualdade de gênero.
Será um teste mais duro do que Bolsonaro e Guedes imaginam. Embora compartilhem das teses liberais na economia, os habitués dos Alpes prezam a liberdade também no comportamento. Professam com ardor o capitalismo, mas um modelo sustentável e inclusivo, que gere crise menores e menos frequentes. O tema central neste ano é Globalização 4.0. Um texto de apresentação afirma que “embora a crença no globalismo – conspiração para impor um sistema internacional que derrube a soberania nacional – esteja morta, a globalização está viva e bem”, assinado por W. Lee Howell, chefe de programação do WEF (sigla em inglês). Será que um dos integrantes da comitiva, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, arauto dos riscos do “globalismo”, vai contra-argumentar? Pode sentir o frio da neve nas montanhas até nas salas climatizadas.