O mais do que esperado resultado modesto do crescimento da economia brasileira em 2018 trouxe poucas surpresas e uma inquietação. Embutido nas contas que mostram o ano passado, existe um dado que permite vislumbrar o futuro. É o que mede o investimento em compra de máquinas e equipamentos para a produção, chamado Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). Depois de acumular 11 trimestres em queda, na comparação com o período anterior, o indicador dos ciclos à frente havia engatado uma promissora recuperação, como pode se ver na linha vermelha do gráfico acima.
Até que, no último trimestre do ano passado, voltou a cair. E não foi um recuo discreto como o crescimento, mas uma redução bem visível: 2,5% em relação ao período de julho a setembro. Isso embute o calendário marcado pela definição eleitoral, que marcou a animação no mercado financeiro. O dado surpreende porque, mesmo com esse encolhimento na reta final, 2018 acumulou crescimento de 4,1% nesse indicador. Isso quer dizer que existem, sim, condições de retomada de uma velocidade mais compatível com as necessidades do Brasil. Mas ainda é preciso esforço para garantir essas condições.
A falta de apetite por investimento determinou tanto a longa duração da recessão no Brasil quanto o ritmo cauteloso da recuperação. Agora, o governo federal tem a oportunidade de transformar expectativa e confiança em mudança de cenário, com a reforma da Previdência. Onze em cada 10 empresários e oito em cada 10 economistas já diagnosticaram: a economia brasileira é uma antes da reforma e outra, depois de a proposta aprovada. Só é preciso tratar o tema com a prioridade e o cuidado necessários.