Durante o intervalo do último jogo do Inter no Beira-Rio, enquanto aguardava na fila para comprar um pastel em um dos bares nos corredores internos do estádio, um amigo chamou-me a atenção para a marca da enchente. É sempre chocante revisitar aquelas cenas de horror. De forma instantânea, lembrei-me de um vídeo que circulou na época, de um jet ski deslizando exatamente no espaço onde estávamos. Há duas semanas, quando brincava com minha filha na Orla do Guaíba, nos assustamos ao ver o vestígio ainda nitidamente visível em uma parede.
Tal como cicatrizes, as manchas que ainda persistem pela cidade nos fazem despertar para a realidade, justamente quando começamos a esquecer de tudo. Com o tempo, tendemos a deixá-las meio de lado. Mas não devemos. Especialmente agora. É imperativo que saibamos o que os candidatos à prefeitura estão planejando. Você está a par das propostas deles?
Não é suficiente prometer melhorias na proteção. Como isso será implementado? Em Porto Alegre, por exemplo, quais são os planos concretos para o muro da Mauá? Que tecnologia está sendo considerada? Houve alguma inspiração em países que tiveram sucesso? E sobre as casas de bombas, o que será feito para evitar a repetição dos momentos pavorosos vividos na última enchente? E quanto às comportas, o que pretendem realizar? Que melhorias nos diques estão sendo propostas e onde exatamente serão executadas? Existe verba para cumprir todas essas promessas, ou uma nova taxa será criada?
Permita-me oferecer uma dica que talvez você já conheça. O repórter Carlos Rollsing produziu uma reportagem entrevistando os principais candidatos à prefeitura da capital, buscando exatamente essas respostas. Está disponível em GZH e na edição do último fim de semana de Zero Hora. Vamos guardar como um documento, para que possamos cobrar. Outra dica: nesta semana, o Jornal do Almoço está entrevistando os candidatos. É uma excelente oportunidade para prestarmos atenção. E, claro, há ainda os debates finais.
O pavor das inundações permanece fresco em nossa memória. Que não se repitam na mesma proporção. Que estejamos melhor preparados. Teremos muita chuva nos próximos anos, mas os diques e as comportas precisam conter as águas. As casas de bombas devem operar eficientemente. E toda a manutenção deve estar rigorosamente em dia.